sexta-feira, maio 21, 2010

O relatório Frasquilho

Extracto de post do João Galamba acerca do relatório de Miguel Frasquilho sobre a economia portuguesa:

(…) Frasquilho diz algo que não tinha dito na televisão: diz que subscreve inteiramente o referido relatório. Segundo palavras do próprio , o relatório tinha como objectivo defender a economia nacional perante 'agentes' estrangeiros. Trata-se de um documento "patriótico", "que em nada colide com o que (tem) afirmado em termos internos e na esfera política". O problema é Frasquilho ter decidido ser um "patriota" da única forma que lhe estava vedada. Vejamos:

1- Enquanto deputado do PSD, Frasquilho acusa o PS de não ter feito uma verdadeira consolidação orçamental porque não tocou na despesa pública e não fez nenhuma reforma estrutural. Enquanto economista do BES, subcreve o seguinte:
    • Portugal tem uma excelente reputação na consolidação das finanças públicas, tendo reduzido o défice para 2,8% do PIB num cenário de crescimento reduzido da economia
    • Devido a reformas estruturais já realizadas, como as da Segurança Social e da Administração Pública, Portugal não enfrenta os mesmos problemas de outros países da UE em termos de crescimento da dívida pública
2- Enquanto deputado do PSD, Frasquilho desvaloriza os dados sobre o crescimento e acusa o PS de incompetência no combate à crise. Enquanto economista do BES, subscreve o seguinte:
    • Portugal foi um dos primeiros países a apresentar crescimentos positivos em 2009, logo no segundo trimestre.
    • A queda do produto foi muito menos acentuada do que a média da UE (só não refere o surpreendente resultado do primeiro trimestre de 2010 porque, aquando da publicação do relatório, os dados ainda não eram conhecidos)
3- Enquanto deputado do PSD, Frasquilho diz que Portugal já devia ter tomado medidas mais duras e que não vale a pena enveredar pela vitimização, pois todos sabíamos que o orçamento e o PEC eram insuficientes e que, por isso, era inevitável que os mercados viessem a punir o país. Enquanto economista do BES, subscreve o seguinte:
    • fomos vítimas de um ataque puramente especulativo, isto é, sem qualquer justificação, porque sem não tem qualquer fundamento nos "economic fundamentals" do país.
    • Este ataque deve ser entendido como um ataque aos países periféricos da zona euro e resulta de um efeito de contágio.
    • No contexto da UE, Portugal está muito bem classificado em termos de sustentabilidade da dívida pública.
4- Enquanto deputado do PSD, Frasquilho diz que o PS sempre desvalorizou o endividamento externo e a questão dos bens transacionáveis. Enquanto economista do BES, subscreve que:
    • O aumento do endividamento externo é um resultado natural da adesão ao euro
    • Nas exportações, Portugal tem vindo a apostar na diversificação de mercados e de produtos
    • Há uma alteração estrutural do mix das exportações portuguesas, com os produtos exportados a serem caracterizados por um maior valor acrescentado
    • Portugal está a ajustar-se à competição global; as exportações com maior conteúdo tecnológico têm vindo a crescer
    • A política energética seguida por Portugal vai permitir reduzir a dependência energética, reduzindo as importações

1 comentário :

Dani disse...

Sem dúvida Miguel Frasquilho contra Miguel Frasquilho. Duas pessoas totalmente diferentes e com ideias e opiniões totalmente opostas.

O que eu não entendo é o que esta gente sem escrúpulos ainda continua a fazer na AR. Ele e o seu colega Pacheco Pereira. Não há mesmo vergonha na cara porque tudo lhes permitem...