sábado, abril 30, 2011

Se é assim com o cabeça de lista por Lisboa…

        “Quero (…) que não me venham nunca mais com a teoria de quanto menos Estado, melhor Estado, porque sabemos a que isso nos conduziu.”
          Fernando Nobre

O mesmo Fernando Nobre que disse, há pouco mais de um ano, o que acima se reproduz estava hoje encantado da vida ao lado de Passos Coelho no comício do Compromisso Portugal movimento “Mais Sociedade”, o qual defende até a privatização das pedras da calçada.

Isto não vai acabar bem [7 — 3.ª Série]





Sei lá o que é que eu hei-de dizer…

Viagens na Minha Terra

    • João Galamba, Brincar com as palavras:

      Como Miguel Relvas disse, os portugueses fogem do PSD quando este partido diz a verdade. Deve ser por isso que Passos Coelho gosta de brincar com as palavras. Vejamos dois casos paradigmáticos.

      1) Na semana passada foi o plafonamento da segurança social, que o líder do PSD resolveu apresentar como uma medida que visa acabar com as pensões milionárias. Ora, não só já existe uma limitação das pensões (12 IAS), como o plafonamento não é uma medida que visa limitar as pensões. Em bom rigor, o plafonamento pretende retirar do sistema salários acima de x, isto é, limita o valor das pensões, no futuro, e o das contribuições, no futuro e no presente. Independentemente dos juízos sobre a justiça desta proposta, ela tem custos de transição elevadíssimos, pondo em risco a solvabilidade do sistema. Mas o problema não é só que no longo prazo estamos todos mortos, é também o efeito redistributivo desta medida - no curto, no médio e no longo prazo. Dizer que salários a partir de x deixam de contribuir para o sistema de segurança social, implica um enfraquecimento da sua dimensão redistributiva, enfraquecendo a dimensão de solidariedade colectiva, intra e inter geracional, do actual sistema de segurança social. (…)

      2) Passos volta à história do Estado regulador vs. Estado prestador, desta vez para falar do SNS. E, uma vez mais, decide brincar com as palavras, dizendo que o Estado não tem de ser o único prestador de serviços de saúde. Em si mesma, esta frase não significa nada, pois limita-se a constatar uma evidência: o Estado não é nem nunca foi o único prestador de serviços de saúde. Mas concordar com a existência de prestadores de serviços de saúde privados não implica que se defenda o fim da saúde universal e tendencialmente gratuita como ela existe hoje no SNS. Defender esta revolução - sim, revolução - implica dizer-se mais ou menos o seguinte: o PSD não concorda que o SNS deva ser financiado por impostos progressivos (de cada um de acordo com as suas possibilidades) e que a prestação de serviços seja universal e tendencialmente gratuita (para cada um de acordo com as suas necessidades). (…)

    • António P., Abaixo de cão
    • A. Teixeira,
    O PAPAGAIO DE CASTAFIORE
    • Filipe Nunes Vicente,
    E PORQUE NÃO?
    • João Galamba,
    Pôr as coisas em perspectiva
    • João Lopes,
    Para acabar com o 25 de Abril
    • José Ferreira Marques,
    Reprovados
    • JSC,
    Velhas Ideias carrapatosianas
    • O Jumento,
    Jovens, processem o Cavaco e o Catroga!
    • Paulo Pedroso,
    Suspensão inconstitucional da avaliação de docentes:uma nódoa no Parlamento
    • ricardo schiappa,
    mais valia estarem calados...
    • Susana Barros,
    Soares, Passos Coelho e União Nacional
    • Tiago Tibúrcio,
    Então o TC declarou inconstitucional "uma escolha política clara do Parlamento"?
    • Valupi,
    Perguntas simples e Relvas, o Educador
    • Vital Moreira,
    Um golpe frustrado

Dizer tudo e o seu contrário (2)

• Ana Sá Lopes, Passos e a saúde. Mudar, mas de discurso:
    Ontem foi um dia particularmente especial nesta matéria. Enquanto um dos múltiplos think tanks social-democratas debatiam ideias para o país, da justiça à cultura, Pedro Passos Coelho foi visitar um hospital e dedicou-se a explanar as suas ideias sobre a saúde. O problema é que não se percebe sequer o que Passos Coelho quer dizer, tirando a evidente estratégia de fazer esquecer o malfadado projecto de revisão constitucional que acaba com o "tendencialmente gratuito" na saúde e na educação. Depois da mensagem da Páscoa, onde a ideia de salvaguardar os serviços públicos de saúde já era clara, ontem o líder do PSD veio dizer que o "melhor seguro de saúde é o público". Só que, para não desiludir aqueles que contavam com o velho Passos mais liberal, decide acrescentar que o "Estado não tem de ser o único prestador de serviços de saúde". Ora, como é evidente, o Estado não é nem nunca foi o único prestador de serviços de saúde - de resto, há uma infinidade de acordos com os privados para se substituírem ao Estado neste campo, como todos os cidadãos sabem. Quem quer fazer análises de rotina raramente recorre a um serviço público. (…)

Por que Passos Coelho se comporta como porta-voz da iniciativa privada na Saúde?





Vídeo sugerido por Luís Grave Rodrigues na caixa de comentários deste post.

Um pretexto chamado Zé Manel Fernandes



O João Galamba já ontem tinha identificado mais um atropelo à realidade perpetrado pelo Zé Manel - “ninguém sofreu como nós, nomeadamente a destruição de emprego”, escreveu na sua crónica no “Público” de ontem (sem link) -, mas com um boneco fica sempre mais giro. O gráfico em cima (com dados do Eurostat) diz-nos como evoluiu o desemprego nos países da União Europeia entre o primeiro trimestre de 2008 (antes que crise começasse a ter um impacto generalizado nas economias europeias) e o último trimestre de 2010*.

Vamos dar uma oportunidade ao Zé Manel para pensar um pouco para além do espartilho cognitivo no qual o ódio que tem a Sócrates o confina: se se der ao trabalho de olhar para o boneco, vai descobrir que todos os países onde o desemprego cresceu acima da média da UE27 ou da zona Euro são – com a excepção da Dinamarca - países “periféricos”, seja da periferia mediterrânica, seja de Leste (deste grupo estão lá todos, tirando a Polónia – um país particular, por um lado, por causa da emigração massiva que reduz a pressão sobre o mercado de trabalho e, por outro, pelo facto de fazer fronteira com a Alemanha, beneficiando assim rapidamente da recuperação do vizinho - e a Roménia, uma excepção que precisaria de ser melhor explicada).

A partir daqui, o Zé Manel e os economistas de serviço podiam começar a pensar se as estruturas produtivas próprias destes países não os tornam particularmente vulneráveis a choques como o da crise internacional de 2008-2009, e as suas consequências com a crise das dívidas soberanas, que impôs a aceleração da consolidação orçamental a toda a Europa.

Já não se trataria de culpar os governantes do momento, de responsabilizar o partido de A, esquerda, ou B, de direita, de apontar o dedo qualquer medida política directamente imputável aos governos. O Zé Manel e mais de metade dos comentadores deste país, pretensamente liberais, raciocinam como se as economias de mercado europeias funcionassem da mesma forma que as economias soviéticas, ou como se todos os outputs de sistemas económicos altamente complexos – sejam eles positivos ou negativos - pudessem ser imputados a decisões tomadas no gabinete de um governante.

O problema, claro, é que pensar e analisar em vez de regurgitar estatísticas (ainda por cima, tantas vezes erradas) dá um trabalho do caraças e, sobretudo, não dá para culpar o Sócrates de tudo o que acontece. Esqueçam!
    Pedro T.

* Usamos os dados deste trimestre e não dos do primeiro trimestre de 2011 porque faltam elementos mais recentes de alguns países; Portugal é um dos países prejudicados por usarmos os dados do quarto trimestre de 2010 e não os mais recentes, uma vez que no primeiro trimestre de 2011 o desemprego estimado diminuiu de 11,2% para 11,1%; isto significa que a diferença em relação ao segundo trimestre de 2008 seria de 3,4 pontos percentuais e não 3,5, mas na verdade isto não altera a ordem dos países no gráfico.

Fernando Nobre é um bocado mentiroso




Fernando Nobre garantiu, em entrevista à RTP, que não teve contactos políticos com ninguém (do PSD) após o regresso de Sri Lanka. O Expresso noticiou que, afinal, Nobre esteve com Pedro Passos Coelho em casa de Fernando Nogueira. O semanário volta hoje a recordar esta mentira de Nobre (p. 18).

♪ Famílias que se deram mal na vida artística [7]

Abba

[During the band's existence, Fältskog and Ulvaeus were a married couple, as were Lyngstad and Andersson–although both couples later divorced. At the height of their popularity, both relationships were suffering strain which led ultimately to the collapse of the Ulvaeus-Fältskog marriage (in 1979) and the Andersson-Lyngstad marriage (in 1981). In the late 1970s and early 1980s these relationship changes began appearing in the group's music, as they produced more introspective lyrics with different compositions.]

sexta-feira, abril 29, 2011

— Mas seguro e serviço, ó Relvas, não é tudo a mesma coisa?!


A necessidade de entregar pela porta do cavalo a saúde à “iniciativa privada” obriga Passos Coelho a esta confusão e contorcionismo verbal. Até parece que o líder do PSD ainda não percebeu a diferença entre um “seguro” e um “serviço público” — hipótese que, apesar de tudo, não será de descartar, dada a manifesta impreparação que vem revelando quando é preciso ir além dos chavões para as televisões.

Vai ser de enorme importância estar com atenção ao programa oculto do PSD. Ler nas entrelinhas vai ser determinante.

Ainda que mal pergunte… [30]

O Governo, a troika e praticamente toda a gente estão a trabalhar. O PSD está a jogar às cartas (já quatro, todas divulgadas pela imprensa…). Reminiscências do “grupo da sueca”?

Há muita falta de memória na política no jornalismo

Estava Portas a falar em directo não sei de quê e lembrei-me da história dos 30 milhões de euros pagos a mais pelos dois submarinos adquiridos a um consórcio alemão, relativamente aos quais o ex-ministro da Defesa prometeu uma reacção para “amanhã ou quarta-feira”. Estávamos a 18 de Abril.

Dizer tudo e o seu contrário



No primeiro tweet (o de baixo), Passos Coelho faz a defesa do Serviço Nacional de Saúde: “A saúde é um bem precioso e o melhor serviço é sempre público.” No tweet seguinte, aparece a fazer a apologia da medicina privada: “O Estado é indispensável, mas não tem de ser dono de tudo.

Vai ser assim até às eleições. Se o leitor estiver com atenção, vai poder ir anotando o que vai direitinho para o programa oculto do PSD.

Conselhos de conselheiro


[DN, 29 Abr 11]

Terá Vítor Bento, conselheiro de Estado nomeado pelo Presidente da República, conversado com Cavaco Silva sobre a sua experiência enquanto primeiro-ministro?

E nunca se esqueça que Relvas é o n.º 2 do PSD

Miguel Relvas não dá descanso a ninguém. Depois das pérolas de ontem no ISCSP, hoje dá uma entrevista ao “Público” (aqui e aqui). As respostas de Relvas são preocupantes pelo que o entrevistado revela, seja do ponto de vista ideológico, seja do mero conhecimento da realidade. Algumas passagens:

Quem faz o discurso do Estado social criou miséria, fome e desregulação das famílias portuguesas como nós nunca vimos. Nós estamos a precisar de um plano de emergência social e essa será a primeira preocupação de um governo do PSD, a par do crescimento económico. Têm que estar ambas de mãos dadas, para que Portugal tenha um projecto de esperança que também seja um projecto solidário. E aí não há projectos nem de centro-direita nem de centro-esquerda: há a diferença entre quem faz e quem fala. Há gente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto a passar mal. Não foi para isso que construímos a democracia.

O PSD é incapaz de articular uma frase sobre os resultados – validados internacionalmente – dos últimos anos. Até termos números actualizados, a pobreza e as desigualdades diminuíram em Portugal para níveis nunca antes vistos no passado recente. Quando vierem os números de 2010, falamos. Mas ignorar o que foi conseguido desde 2005 é simplesmente desonesto. Para falar sobre a pobreza, Miguel Relvas usa política do feeling.

À desonestidade, junta o ridículo. É que os portugueses podem votar PSD por muitas razões, mas não é seguramente por serem o partido que se preocupa com os mais carenciados. Socialmente, o PSD é hoje um partido de extrema-direita (como bem apanhou Portas ontem, ao dizer estar o CDS nesta área à esquerda do PSD). Relvas já devia ter percebido que quanto mais fala no assunto, mais apalhaçado parece.

Por fim, a última frase de Relvas demonstra todo o seu desprezo pela democracia enquanto sistema político. Que Otelo diga uma imbecilidade dessas, ainda vá. Que Relvas, que até dizem ter formação em ciência política, faça da democracia um leitura puramente instrumental – em função dos benefícios económicos que traz , ou não, à população –, é de enorme gravidade.

Vamos ter de ter uma prestação social de eficiência, na qual a economia social vai ter um papel importante. Temos no país um sector muito esquecido, que são as instituições de solidariedade social. E que estão numa situação particularmente difícil, pois os apoios do Estado já são insuficientes face ao número cada vez maior de pessoas que está a recorrer a ele. E que está a ser compensado pelas autarquias. Esse problema vai acentuar-se e teremos de reformular esse apoio. Temos de, obrigatoriamente, ter dinheiro para esses sectores mais débeis. Vamos ter de ser muito exigentes, mais justos...

Há largas semanas que estamos à espera de conhecer as medidas do PSD para o sector. Se é uma emergência, porquê a demora? A “prestação social de eficiência” (não podem arranjar um nome melhorzinho?) vai garantir a sopa dos pobres? Vão pegar no dinheiro do RSI e dá-lo às IPSS? E para garantir essa “exigência” e “justiça”, vão fazer prova de rendimentos à porta das instituições? E vão espalhar Zeca Mendonças pelos bairros para saber se as famílias não têm gastos supérfluos? Se este cenário não fosse trágico e se o discurso não atingisse o tecto da hipocrisia, até podia ser cómico.

A filha do homem mais rico de Portugal não pode pagar nove euros por uma consulta num hospital público, pagando o mesmo que a filha de um desempregado. Não é justo. Quem disser que é justo revela uma grande insensibilidade.

Fica provado, se dúvidas houvesse: Miguel Relvas é ignorante ao ponto de não saber o mínimo sobre o financiamento de serviços públicos. Caro Relvas: o homem mais rico de Portugal, se paga impostos sobre os seus rendimentos (de trabalho ou capital), já financia o serviço mais que qualquer outro cidadão, pela simples razão que o imposto sobre o rendimento é progressivo, e isenta quase metade dos agregados familiares em Portugal. Como explicou o João Galamba em directo há dias, na TVI24, à não menos ignorante Maria João Avillez, se Relvas quer colocar os mais ricos ainda a pagar mais pelos serviços públicos, tem uma solução simples: aumente a taxa máxima do IRS.
    Pedro T.

Por onde andará este estarola, agora que gostávamos de o ouvir? (*)

(*) Mas o resto da oposição, que soube unir-se, como sempre, para destruir, também pode dizer qualquer coisa.

Pois…

Factos e estatísticas seletivas.

Por que está o DN dominado pela secção laranja?

Quando escrevo algo sobre a actividade frenética da secção laranja do DN, obtenho invariavelmente como resposta muitos comentários (não publicáveis, para não ferir a sensibilidade dos leitores) e até e-mails, alguns de pessoas que respeito, a rebaterem os meus pontos de vista.

Mas vejamos este exemplo menor. Tenho o hábito de dar uma segunda leitura aos jornais quando vou dormir. Ontem, a última página do DN trazia uma entrevista a Álvaro Santos Pereira (para além de lhe ter oferecido as páginas 4 e 5), uma criatura que deve estar farta da neve do Canadá, de tal forma anda em bicos dos pés a ver se alguém repara em si. A entrevista nem sequer era conduzida por um dos crânios que fazem habitualmente os fretes ao PSD, pois foi feita por Maria de Lurdes Vale, que costuma dedicar-se a escrever sobre coisas frívolas que ajudam a encher o jornal.

A entrevista (ou coisa assim) é reveladora da linha que domina o jornal. A jornalista em causa nem esperou pelas baboseiras de Santos Pereira para meter a bucha. Pergunta de supetão: «No Canadá, país onde vive e lecciona, também “há esqueletos no armário” do Estado?» Logo a seguir, outra: “O pedido de ajuda ao FMI e à Europa chegou demasiado tarde?

A coisa está entranhada, é o que é.

Em nome da liberdade de expressão (2)

Que isto fique bem claro - para efeitos de declarações públicas, o advogado Proença de Carvalho fica equiparado a militante socialista.

Sócrates está em todo o lado¹

Eh pá, não pode ser: em Inglaterra, também há uma geração à rasca?

Será que o Sócrates também governou por lá?

E o mercado de trabalho, dos mais flexíveis que há no mundo desenvolvido, e onde vigora a lei do hire-and-fire, ainda não resolveu o assunto?

Uma sugestão: já que contrataram o Horta Osório para o Lloyds, porque não chamam o Carrapatoso, Duque e Co. para pôr a economia a mexer? Acabava-se a malandragem e a juventude toda arranjava logo emprego.
    Pedro T.
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¹ Título rapinado a João Galamba.

Relvas, o filósofo

Não, não temos qualquer obsessão com Miguel Relvas. Mas há quem tenha. Por exemplo, o Público, jornal ao qual parecem não bastar as múltiplas actividades diárias do prolixo político e ainda considerou relevante entrevistá-lo. Mas parece que Relvas tinha algo muito importante para dizer:


Resta uma dúvida: quem terá sido o autor de tão interessante sound bite?
Os spinners de Gaia, os marketeiros, o Relvas ele próprio? Só queríamos dar os parabéns - e, já agora, perguntar o que quer dizer exactamente tal piada?

♪ Famílias que se deram mal na vida artística [6]

Fleetwood Mac

[But in 1976, with the success of the band also came the end of John and Christine McVie's marriage, as well as Buckingham's and Nicks' long term romantic relationship. Even Fleetwood was in the midst of divorce proceedings from his wife, Jenny. The pressure put on Fleetwood Mac to release a successful follow-up album, combined with their new-found wealth, led to creative and personal tensions, fuelled by high consumption of drugs and alcohol.]

Com que então já estamos de cabeça perdida?!



Miguel Relvas foi convidado a falar aos alunos de mestrado em ciência política do Instituto de Ciências Sociais e Políticas Ultramarinas (ISCPU). Com certeza que Manuel Meirinhos (cabeça de lista do PSD pela Guarda) ou mesmo José Adelino Maltez (que educa o povo através do albergue do passismo) não estariam à espera que Relvas passasse pela Junqueira para discorrer sobre Condorcet.

O secretário-geral e porta-voz do PSD fez apenas o que sabe fazer: “Eu no lugar do engenheiro Sócrates tinha vergonha, eu se fosse parente do engenheiro Sócrates escondia que era parente dele”. É grave o que Miguel Relvas disse? É, é gravíssimo. Mas não é este o tipo de política suja a que os sucessivos líderes do PSD nos habituaram desde 2005?

No entanto estas palavras de Relvas no ISCSP são um bom contributo para pôr em relevo a hipocrisia de Passos Coelho, o qual disse, ainda há dias, esperar que a campanha eleitoral viesse a decorrer sem ataques pessoais e num tom elevado.

Naturalmente, o que aflige Miguel Relvas — ele confessou-o na Junqueira — é as intenções de voto que se vêm conhecendo: “Sabem que é uma coisa que me custa muito, que é a sensação que eu tenho é que ainda há uma parte do eleitorado que quer ser enganada.”

É de esperar, por isso, que, antes de apelar à mudança de povo na noite de 5 de Junho, o PSD ainda se socorra das potencialidades da política suja. Como o fez nos últimos seis anos sem o menor pudor.

O Público errou, o CC rectifica


Aos familiares de José e Vitorino Magalhães Godinho e aos leitores do Público, o CC pede desculpa pela troca de fotografias na edição de ontem.

Vamos ficar pelas “linhas” da política económica

Algo me diz que, mesmo depois da apresentação do programa do PSD, vamos continuar sem conhecer a alternativa que este propõe para o país: "A componente económica do programa tem cerca de 50 páginas e defende um "choque de crescimento" que possibilite pôr Portugal a crescer acima dos 3% nos próximos quatro anos. O programa não chega ao detalhe das medidas concretas, mas aponta as linhas da política económica."
    Paulo F.

Um jornal que se desmente a si próprio

Primeira página do Sol de 29 de Abril de 2011

Depois de ter inventado o saco de plástico para o Expresso e de ter inventado a única colecção de cromos do mundo que traz um jornal (!?) como oferta, o pequeno grande arquitecto volta a inovar e a dar cartas no universo do jornalismo - um jornal que se desmente a si próprio e que, logo na primeira página, deixa bem claro: não me compre, olhe que os títulos são desmentidos nos próprios textos.
Parabéns!

Uma pergunta

Agora é o Forum para a Competitividade que defende a "flexibilização no trabalho".
É engraçado - das dezenas de manifestos, cartas abertas, livros brancos e programas-do-PSD-que-antes-de-o-serem-já-não-o-eram, elaborados por gestores, economistas, patrões, todos eles defendem as mais mirabolantes mudanças no mercado do trabalho, leia-se, legislação que desproteja o trabalhador.
Mas porque será que nenhum destes documentos pró-"competitividade da nossa economia" se lembra de uma medida, uma pequenina que seja, para elevar, e talvez filtrar, a qualidade (a falta dela) dos nossos gestores e patrões?

quinta-feira, abril 28, 2011

Viagens na Minha Terra

Um senhor que, pela ordem natural das coisas, até pode suceder a Passos Coelho na presidência do PSD

Ainda a propósito das dificuldades por que passam as pessoas que só ganham 10.000 euros por mês, convém dizer ao ouvido de Diogo Leite Campos, vice-presidente do PSD, que, de acordo com os seus critérios, uma em cada duas pessoas vivem próximo do limiar da miséria em França. A história vem contada no insuspeito Le Figaro (com bonecos e tudo).

Em todo o caso, estamos confiantes de que o vice-presidente do PSD continua na sua cruzada contra os “espertos e aldrabões”, que são “quem recebe benefícios sociais”.

A desorientação é total...

... mas de uma forma perversa até faz sentido. Com efeito, se o PSD acha que pode escolher o líder do PS, por que razão não poderia dizer quais os candidatos socialistas a deputado?
    Paulo F.

Impreparação: chegar às políticas públicas por meros acasos

Há dias, Passos Coelho dizia que se preocupava com a Saúde porque se preocupava com aqueles que lhe são “próximos”. Hoje, Miguel Relvas, chamado a tribunal, viu a audição ser adiada. O secretário-geral do PSD, que já é dirigente político, deputado e ajudante de ministro desde os tempos de Barroso, descobriu um mundo que não conhecia: «"De facto a Justiça em Portugal precisa de reformas profundas", disse o dirigente ‘social-democrata’ à saída, indicando que esta foi a primeira vez que foi a um tribunal e que a partir de hoje estará mais atento às propostas para a Justiça.»

Salvo no que diz respeito ao desmantelamento do Estado Social, o PSD chega às políticas públicas por acasos como estes. Não tivesse Miguel Relvas de depor em tribunal e, muito provavelmente, continuaria sem se dar conta da importância da Justiça.

Estas reacções apardaladas dos dirigentes do PSD são sintomas da sua total impreparação para assumir a administração da res publica. Se a isto somarmos que o PSD já não esconde que quer pôr em causa o Serviço Nacional de Saúde (com o fim da saúde “tendencialmente gratuita”), a prevalência da escola pública (com a chamada “liberdade de escolha”) e um sistema de segurança social público (com o “plafonamento”), começamos a saber ao que vêm.

Isto não vai acabar bem [6 — 3.ª Série]



Paulo Rangel admite que PSD já devia ter definido algumas «bandeiras políticas».

Na caixa de comentários

Paulo Pinto Mascarenhas, redactor principal do diário Correio da Manhã, escreveu o seguinte na caixa de comentários deste post:


Em nome da liberdade de expressão

Aos militantes, simpatizantes e apoiantes em geral do PS passam a estar vedadas - além de muitas outras actividades vastamente noticiadas pelos media - participações no Fórum da TSF.

Quem martela, afinal, o défice?

Nos blogues, ainda vá lá. Como dizia o outro, são na sua maioria uns talibãs.
Agora que tal enviesamento transpire para jornais que era suposto serem de referência e que até têm especialistas bem pagos para tratar da matéria já é demais.


Isto é o que está escrito no Programa Eleitoral do PS, apresentado ontem. Repete-se: "tendo em conta a base comparável", o défice de 2010 foi de 6,8% do PIB.
O Programa Eleitoral do PS, ao contrário do que escreve o Público online, não ignora coisa alguma.
Conforme o próprio jornalista do Público recorda:

a) em Janeiro, o Eurostat decidiu rever os critérios de classificação (com incidência até 2007...);
b) na semana passada, houve nova revisão para acolher "alterações de contabilização que estavam previstas para ser aplicadas até Outubro ao nível europeu".
Além de mentir - quando afirma que o valor de 6,8% "nunca chegou no entanto a ser considerado oficialmente" pelo INE, para mais à frente escrever que, sem as alterações de Janeiro, o INE considerava que o défice seria de 6,8%... - o Público poderia ainda esclarecer os seus leitores: qual a base comparável para os tais valores oficiais de 2010 que o PS ignora?
Ou seja, para que o PS não mentisse no seu Programa Eleitoral - é isso que o Público insinua - que contas deveriam ter sido feitas?

Dê-se a palavra aos cabeças de lista



Pode ouvir aqui a entrevista que Eduardo Ferro Rodrigues, cabeça de lista do Partido Socialista pelo distrito de Lisboa, deu ontem à SIC-N.

Aguardemos agora pela entrevista do cabeça de lista do PSD, Fernando Nobre (com ou sem Zeca Mendonça ao lado).

Seria, aliás, interessante que houvesse debates entre os cabeças de lista dos vários distritos. Não é importante aproximar os deputados dos respectivos eleitores?

O programa do PSD em 3 segundos



O programa a que o Miguel já aludiu teve, pelo menos, um mérito: revelar à nação o programa do PSD. Trata-se, afinal, de "tentar furar a parede".


Não devemos, porém, ser definitivos sobre tão importante matéria. Desde logo, pelo esgar que o porta-voz do PSD ensaia logo à seguir à frase. Um esgar, no mínimo, dubitativo.
Depois pelo facto de a SIC ter insistido em colocar a legenda em que o "grupo de reflexão" (!) Mais Sociedade garante ser "independente".
Não está, pois, excluída a hipótese de estarmos perante mais um daqueles momentos de humor a que os estarolas da São Caetano nos têm habituado.

Notícias da claustrofobia democrática [1]

Se o objectivo era discutir a revisão da Constituição da República, a TSF até teria muito por onde escolher. Já nem falo dos professores Gomes Canotilho, Jorge Miranda ou Vital Moreira. Até no próprio e-book do Pingo Doce a TSF poderia ter feito uma escolha mais equilibrada.

Mas fazer um debate sobre a Constituição em que o convidado mais à esquerda é António Araújo, assessor de Cavaco e colaborador da defunta Atlântico do PPM, não lembrava ao careca. A menos que o objectivo seja o de demonstrar que o projecto de revisão da Constituição do PSD, no qual teve funções de relevo Manuel Meirinhos, o cabeça de lista independente pelo distrito da Guarda, era uma ideia arrojada de esquerda.

A São Caetano no país real



Da descrição feita no Povo Livre (ontem publicado) de uma visita a Sesimbra:
    Quando se estava a equipar, rodeado pela comunicação social, o presidente do PSD começou por confundir a touca com a protecção que se coloca nos pés.

    “Ora, a minha primeira touca de campanha. Ah, isto é para os pés. Eu não tenho duas cabeças, portanto presumo que seja para os pés”, disse.

    Passos Coelho colocou então a protecção para os pés, a touca e uma bata.

    “Estou pronto!”, exclamou.

    A seguir, em declarações aos jornalistas, o presidente do PSD (...)

Volta Rodrigo, estás perdoado

Mas volta rapidamente, antes que os marketeiros deitem tudo a perder!

Da série "Frases que impõem respeito" [601]


Para já, o PSD, com seis anos de oposição, ainda não conseguiu articular um programa ideológico credível.

A palavra aos leitores

De e-mail de Joaquim R.:
    O vídeo do Diogo Leite Campos também tem uma mentirinha. O vice-presidente do PSD faz os cálculos com base nas taxas marginais e não com as taxas efectivas. Sendo um alegado fiscalista, ele sabe que o que lhe fica — coitado! — para a comida e para o sustento dos seus é mais do que indica no quadro.

♪ Famílias que se deram mal na vida artística [5]



Derek and The Dominos

[In 1966, George Harrison married Pattie Boyd, a model he met during the filming of 'A Hard Day's Night'. During the late 1960s, Clapton and Harrison became close friends. Clapton contributed guitar work on Harrison's song "While My Guitar Gently Weeps" on The Beatles' White Album but remained uncredited, and Harrison co-wrote and played guitar pseudonymously (as L'Angelo Misterioso) on Cream's "Badge" from Goodbye. However, trouble was brewing for Clapton. Between his tenures in Cream and Blind Faith, in his words, "something else quite unexpected was happening: I was falling in love with Pattie."]

Marcos Martinelli e Alessandra Augusto, muito obrigado

O estarola cantava ópera, levando toda a gente a parar e olhar. Oito anos depois, quer ser primeiro-ministro:


Sábado, 28ABR2011

Como eu percebo que este senhor não queira aparecer associado a este marketing político!

Ir ao pote é...

Como se diz ali em cima, já passaram 37 dias do PEC e ainda não se conhecem as alternativas do PSD para o país. Coincidentemente, faltam também 37 dias para as eleições e a ausência de um programa alternativo torna-se mais difícil de compreender a cada dia que passa. Mais difícil de compreender para quem eventualmente alimentasse ilusões acerca das reais intenções do PSD ao precipitar eleições no meio da tempestade desta crise. Como nunca foi o meu caso, apenas confirma o que se vai tornando crescentemente evidente para todos: não foi por ter para oferecer ao país um qualquer rumo alternativo mas por simples ganância, sofreguidão de poder. É isto querer ir ao pote.
    Paulo F.

Qualquer alma sensata (e até a da nossa Helena Matos)

Estava a folhear o Público e tropecei em Helena Matos: "Outro assunto bem diverso é a falta de ideologia. Ninguém sabe o que defende o PSD ou porque o defende." E a citada senhora garante, depois de comparar o PSD ao PS, que os estarolas da São Caetano caminham alegremente para a derrota, não apenas por falta de ideologia: "É quase ocioso explicar que não existe nada de equivalente do lado do PSD. Dirão que não é por causa disto que o PSD perde as eleições. Pois não. Perde-as sobretudo por falta de ideologia. Mas em abono da História e da verdade há que dizer que a falta de uma narrativa do partido e de um discurso que o legitime no poder contribui, em muito, para aquele ar de agremiação de egos desmedidos e regra geral desavindos que o PSD não só transmite, como faz absoluta questão de transmitir e que leva qualquer alma sensata a interrogar-se sobre a sua capacidade para exercer o poder."

Se é a própria Helena Matos quem o diz…

Prestação de contas: 36,55% (PS), 29,11% (PSD)...

O PSD acusou o primeiro-ministro de fugir à prestação de contas dos últimos seis anos de governação. Miguel Macedo reagiu às propostas do programa eleitoral do PS afirmando que «chegou o momento de o engenheiro José Sócrates ser confrontado com as suas responsabilidades e não poder saltar alegremente, e tristemente para os portugueses, de propaganda em propaganda, sem nunca prestar contas».
Achar que o PS e José Sócrates não prestaram contas dos últimos seis anos de governação é não só um a óbvia falta de respeito democrático pelos resultados das últimas eleições como a confirmação do que muitos já sabiam: que o PSD nunca aceitou as contas deste escrutínio.

Pobres dos ricos…




Via João José Cardoso


... que têm tantas despesas para pagar¹.

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¹ Não se trata de um vídeo humorístico. Note bem que Diogo Leite Campos é vice-presidente do PSD.

quarta-feira, abril 27, 2011

Sem contraditório porque aquela mistela esfrangalha-se com um sopro

A SIC-N está a fazer um debate sobre:
    • As propostas que os ultraliberais do Compromisso Portugal movimento “Mais Sociedade” vão integrar no programa do PSD; e
    • O programa do PS hoje apresentado.
Quem é que a SIC-N convidou para debater estes dois temas? Uma pessoa ligada ao Compromisso Portugal movimento “Mais Sociedade” e outra ligada ao PS? Não. Para não confundir os telespectadores, a SIC-N convidou dois dirigentes do Compromisso Portugal movimento “Mais Sociedade”: António Carrapatoso e João Duque.

Toda a razão tinha Miguel Relvas quando disse que a SIC-N é um paradigma de serviço público.

Psicografia de um ex-jota



Pedro Passos Coelho é um fingidor
E finge tão completamente
Que chega a fingir que não são dele
As medidas que deveras defende.

É mais fácil tirar o CAA da Nova Democracia do que a Nova Democracia do CAA [3]



Carlos Abreu Amorim compara hoje as decisões dos eleitores ao salivar dos cães das experiências de Pavlov:
    (…) muitas das decisões dos eleitores recostam-se nas universais lições de sugestão, mais propriamente de condicionamento político, neles entranhadas sem o saberem, extraídas das experiências de Ivan Pavlov (que Estaline tanto apoiou), ainda que adoçadas com novas embalagens...
Ó Miguel Relvas, não se arranja por aí um clone do Zeca Mendonça para acompanhar também o cabeça de lista por Viana?

[Pub.]

Na linha de sucesso das já tradicionais Expo Noivos e Nauticampo, o Centro de Congressos de Lisboa tem a honra de apresentar, em estreia, mais um evento que promete fazer história e marcar as próximas gerações.



Mais Sociedade, uma feira onde pode encontrar alguns dos maiores pensadores portugueses, mas também muitos dos pequenos e médios.
Ideias não faltam. Para miúdos e graúdos. Para dar e vender. E olhe que não olhamos a meios, nem nos importamos com os fins. O nosso negócio são mesmo as ideias. A esmo.
E - já sabe! - não precisa de comprar, ou sequer de alugar. As nossas ideias são o que são. Descartáveis. Pode simplesmente dar uma voltinha com elas e depois devolvê-las. Nem sequer precisam de estar em bom estado. Nós reciclamos tudo. É esse o nosso Compromisso.
Já lhe dissemos qual é o nosso negócio?

Bom esforço

Luís, bom esforço (mas não será cedo de mais?).

Será que custa assim tanto perceber?

O Presidente da República concorda com o Primeiro-Ministro: o líder do PSD não percebeu nada do que se passou na cerimónia comemorativa do 25 de Abril.
Por isso mesmo, o Presidente mandou publicar na sua página do Facebook exactamente a mesma frase que disse no discurso de Belém:

temos de nos unir quanto ao essencial – e o essencial é Portugal e o seu futuro.

Mas como o líder do PSD acha que tal frase é um apelo à União Nacional, no Facebook o Presidente faz questão de sublinhar que está a falar, não de união, mas de unidade.

Infelizmente, o redactor de serviço ao Expresso online tem a mesma incapacidade de compreensão do líder do PSD e arranja um título destes:

Diplomacia do croquete

Se não fosse a dica de um leitor, eu nunca viria a saber que Marco António, vice-presidente do PSD, ocupa um cargo tão relevante no corpo diplomático da Bielorrússia. Como se vê, Martins da Cruz — um embaixador retirado que dirige uma empresa municipal — continua a dar cartas na diplomacia do croquete.

Repetir uma mentira

uma vez, e outra, e talvez outras, não a torna realidade.
a educação especial dispõe actualmente de mais apoio, de melhores condições, de mais equipamentos, de mais técnicos com melhor formação, de mais capacidade de acolhimento e trabalho das escolas e dos professores com os alunos que têm necessidades educativas especiais
[daqui, com quadros demonstrativos e tudo].

Olha que belo número...

Da série “Temos vários programas, mas poderemos, se não gostarem, arranjar mais” [3]




Mas o PSD tem programa eleitoral? “Já me disseram que sim, já me disseram que não.”

Da série “Temos vários programas, mas poderemos, se não gostarem, arranjar mais” [2]


Hoje no Público


Esta ideia já está atrás do arbusto. O PSD está preparado para governar?

É só ler

Pacheco Pereira já não arranja melhor argumento para atacar o Governo do que afirmar, dia após dia, que não conhece o PEC 4. Repetiu isso mesmo ontem na SIC-N. Alguém pode fazer o favor de lhe fazer chegar o documento completo ou, se ele não quiser maçar-se a ler as 67 páginas, esta súmula (só 18 páginas)?

♪ Famílias que se deram mal na vida artística [4]


Oasis

[On 28 August 2009, following a fight between the Gallaghers in a backstage area, which reportedly resulted in Liam breaking Noel's guitar, the group's manager announced the cancellation of their concert at the Rock en Sein festival near Paris just minutes before it was about to begin, along with the cancellation of the European tour and a statement that the group "does not exist anymore".]

A internacionalização de Miguel Relvas

No micro-governo que Passos Coelho tem na cabeça, Miguel Relvas já assegurou um lugar - ministro dos Negócios Estrangeiros. O homem é um diplomata: Metáfora de Miguel Relvas cai mal em Marrocos.

Também se governa nas pequenas coisas

Um novo portal vai revelar informação sobre empresas. A partir de hoje os cidadãos terão mais um serviço disponível online e de forma gratuita. Chama-se Portal Estatístico de Informação Empresarial e permite consultar estatísticas de empresas portuguesas com base em informação extraída de várias bases de dados públicas:
    ‘O presidente da Associação Comercial do Porto, Rui Moreira, considera que este tipo de serviço simplifica muito a vida das empresas, que, por vezes, não sabem sequer onde ir buscar estes dados, normalmente espalhados por vários organismos do Estado. "Quer na compra de serviços, quer na venda, estas informações permitem conhecer melhor o mercado em que se trabalha", afirma Rui Moreira.’

    Paulo F.

As parvoíces com que o governo se entretém



Não andasse ele com tanto trabalho - os estarolas da São Caetano devem dar cada dor de cabeça...- e ainda convidava o Rodrigo Moita de Deus para uma voltinha comemorativa.

A Última Crónica

Através de LPM, chego a uma entrevista de Almerindo Marques à Sábado, na qual este recorda a sua passagem pela RTP. Entre outros episódios, conta o seguinte:
    Havia um senhor que tinha um programa que abusivamente registou na SPA como da sua autoria (era uma adaptação de França) e registou-se a ele como apresentador exclusivo. Recebia royalties do programa, mas quem pagava os custos era a RTP. Chamei-o e disse-lhe que tinha poucos dias para sair pela porta grande, com os mesmos direitos que os outros. O segredo ficava entre nós os dois. Chamou-me filho da puta. Tinha sido oficial de campo de Kaúlza de Arriaga.

Coisas do Moedinhas

Olha, parece que o "economista"* Carlos Moedas não sabe o que aconteceu no mundo: "Carlos Moedas garante que 'nunca houve um Governo que gastasse tanto, nos últimos tempos, como o actual'”.
    Pedro T.
*Nós não somos de intrigas, mas desde quando um engenheiro do Instituto Superior Técnico com um MBA é um "economista"? Se fosse alguém do PS, não o chamavam imediatamente de charlatão?

terça-feira, abril 26, 2011

Isto só pode melhorar…

… pois tiraram o Moedas do gabinete e puseram-no em campanha! O programa do PSD há-de um dia aparecer, mas provavelmente dactilografado pela Susete.

Comissão Europeia informa

Revisão em alta do défice português deve-se a metodologia do Eurostat.

Esta gente não hesita em falsificar a realidade

Hoje, no meio de muitas banalidades e algumas imbecilidades, Joaquim Goes, coordenador do Compromisso Portugal movimento “Mais Sociedade“, atirou esta pérola na sua entrevista ao “Público”: “Num país desenvolvido a carga fiscal não deve ultrapassar os 35 por cento do PIB, hoje Portugal está já a 37 por cento. Como reduzir é difícil temos, pelo menos, de não aumentar.

Ora bem, vamos lá ver qual é a carga fiscal dos países da OCDE (dados mais recentes de 2008 disponíveis aqui:




Segundo Joaquim Goes, a legenda do gráfico devia ser esta:
    Países desenvolvidos (onde a carga fiscal não ultrapassa os 35%): todos à esquerda da Polónia (inclusive). Os mais desenvolvidos de todos são o México e a Turquia.
    Países não desenvolvidos (onde a carga fiscal excede os 35%: todos à direita do Reino Unido (inclusive). Os menos desenvolvido de todos são a Dinamarca e Suécia.
Se isto vos parece contra-intuitivo e colide com todas as ideias que temos do mundo civilizado, não se espantem. É que o número debitado por Joaquim Goes não passa uma pueril e irresponsável arbitrariedade ideológica. Segundo um critério um tudo nada mais extravagante, Diogo Leite Campos traçou há uns meses a fronteira entre o mundo totalitário e o democrático nos 40% de carga fiscal.

Leiam esta gente com atenção, e depois não digam que não foram avisados.
    Pedro T.

A palavra aos leitores

A propósito da posição de Passos Coelho de que deve ser aligeirada a regulação da assistência nos cuidados continuados de saúde para ser possível aumentar a lotação dos quartos, o leitor Joaquim R. enviou-nos um e-mail, de que se reproduz esta passagem:
    A história das IPSS e da desregulação, 'porque quando se escolhe com liberdade as coisas funcionam melhor', faz-me lembrar os lares ilegais, feitos em enorme liberdade, sem regulação do Estado — uma maravilha. Nesta onda de desregulação, a história de cada quarto ter, no máximo, duas camas podia passar para 'quarto maneirinho' ou 'habitação humana'.

A novidade é o CDS-PP também achar

Teresa Caeiro, cabeça de lista do CDS-PP por Lisboa e vice-presidente da Assembleia da República: "O presidente do PSD não gera nem confiança nem segurança nos portugueses".

E o PSD a resvalar para a ponta direita

O PSD, com o tipo de propostas que se vem conhecendo, sobretudo na área social, está destinado a ser, cada vez mais, um partido de extrema-direita. Para perceber que isto não é uma mera atoarda infundada, basta olharmos para o gráfico seguinte (rapinado ao Pedro Magalhães).

O gráfico mostra como eleitorado português posiciona os partidos numa escala de 1 (esquerda) a 10 (direita)* por altura das eleições legislativas de 2002, 2005 e 2009:




O PSD, que em 2002 e 2005 estava, aos olhos dos eleitores, ainda à esquerda do PP, passou, em 2009, a partilhar a mesma localização que o Partido de Portas.

Vai uma aposta que, se repetissem hoje a mesma pergunta, o PSD estava à direita do PP, isto é, na extrema-direita do espectro ideológico?
    Pedro T.
______
*Os dados são dos inquéritos pós-eleitorais do projecto Comportamento Eleitoral dos Portugueses.

Esta é a autêntica e definitiva posição do PSD

Unidade nacional versus “União Nacional”

Passos Coelho, que é líder de um partido que nasceu de uma dissidência da União Nacional Acção Nacional Popular, pensou que o estavam a mandar de volta às origens. E logo se lhe deparou a oportunidade de constituir um outro governo na cabeça (curto, para caber todo): — Tu, Marco António, ficas com o Ministério do Interior ou preferes o das Corporações e Previdência Social?

Tiro no Estado Social [2]

Ao mesmo tempo que meia dúzia de valetes experimenta lançar umas “ideias” a ver se o país morde o isco, Passos Coelho exprime-se de uma forma redonda, a ver se passa entre os pingos da chuva: “Precisamos de mudar a raiz dos problemas” [hoje no DN, p. 10].

Seja o que isso queira dizer, ficamos a saber que “Passos Coelho definiu como prioridade um Estado ‘menos prescritivo’ e menos regulador, ‘porque quando se escolhe com liberdade as coisas funcionam melhor”.

E o que a “falta” de liberdade impede Passos Coelho de fazer? “Deu até um exemplo concreto: as instituições privadas de solidariedade social poderiam dar muito mais assistência nos cuidados continuados de saúde se em vez de serem obrigados a só poderem albergar duas pessoas por quarto pudessem, nalgumas circunstâncias, receber três.

Ou mais em beliches alinhados até ao tecto, acabando com os hospitais que são, não tenhamos ilusões, um desperdício de dinheiro.

Tiro no Estado Social [1]

Passos Coelho vem dando corda a uma série de valetes para testar a atenção e a capacidade de reacção dos portugueses. Se a reacção for de desagrado, a “ideia” é atirada para trás do arbusto e vai direitinha para o programa oculto do PSD.

A mais recente “ideia” partiu dos neoliberais do Compromisso Portugal, agora rebaptizados de Mais Sociedade: trata-se de descontar na futura pensão de reforma o montante pago através do subsídio de desemprego. A “ideia” criou alvoroço no país? Ora cá temos a “ideia” a caminho do arbusto: António Nogueira Leite, conselheiro nacional do PSD, garantiu que o partido não decidiu se inclui, ou não, esta ideia para o programa eleitoral, sublinhando que se trata apenas de uma proposta que está ainda em análise.

A única certeza que os crânios do PSD nos dão é que todas as “ideias” visam um único objectivo: a destruição do Estado Social.

O mistério do chumbo do PEC 4

• Tomás Vasques, Dois passos atrás sem passos à frente...:
    Essa incompreensão aumentou quando, dias depois, o líder do PSD, ao contrário do que sustentara antes, desenvolveu, em versão inglesa, a tese segundo a qual o PEC IV não ia "suficientemente longe" nas medidas de austeridade a adoptar.

    Esta reviravolta levantou a interrogação sobre os verdadeiros motivos da rejeição do PEC IV. E quando começaram as recusas públicas de figuras cimeiras do PSD em aceitar o convite de Passos Coelho para integrar as listas de deputados, caso de Manuela Ferreira Leite, Marques Mendes, António Capucho ou Luís Filipe Menezes; ou as críticas implacáveis de José Pacheco Pereira ou Morais Sarmento, entre outros, percebeu-se que os motivos que estiveram na origem do derrube do governo podem estar mais relacionados com a instabilidade interna da sua liderança do que com a situação do país.

    A acelerada degradação da situação financeira após a demissão do primeiro-ministro e o pedido de "ajuda externa", percebido como consequência da crise política, evidenciaram ainda mais quão inoportuna foi a abertura desta crise política.’

Claro que Diogo Leite Campos não é aldrabão

• Daniel Oliveira, Claro que Diogo Leite Campos não é aldrabão:
    ‘O senhor Diogo Leite Campos quer acabar com os subsídios - subsídio de renda ou abono de família - sem saber onde realmente gastam os beneficiários o dinheiro. Não deixa de ser um raciocínio económico estranho, já que a despesa - os filhos ou a casa - estão lá. Para resolver o problema, quer fazer como se faz com os mendigos: dá-se-lhes uma sandes em vez do dinheiro. Através de um cartão de débito e recorrendo a instituições de caridade, como "albergues" ou a "sopa dos pobres". A leitura de Oliver Twist, de Charles Dickens, pode ajudar a perceber o modelo social de Leite Campos.’

Ajudar o PSD a fazer o programa

Há um padrão interessante nas propostas que os vários grupos de reflexão montados por Passos Coelho: adoram ilustrar as suas propostas supostamente revolucionárias com exemplos do Reino Unido, França, EUA, Alemanha, etc. “Olhemos lá para fora, que é onde se faz bem!”

Simplesmente, e na maior parte das vezes, as boas propostas ignoram que muitas dessas ideias já existem em Portugal – e com resultados já comprovados. Não o referem porque não conhecem ou não querem conhecer. Qualquer das alternativas é grave e fraudulenta, política e intelectualmente.

O provincianismo desta gente é tal que se põem a fazer considerações sobre a necessidade da existência de benefícios fiscais para a inovação ao mesmo tempo que ignoram a existência em Portugal de um mecanismo eficiente, que é o SIFIDE (Sistema de Incentivos Fiscais à Investigação e Desenvolvimento Empresarial), agora na sua segunda versão (SIFIDE II, 2011-2015).

Para facilitar a vida à rapaziada dos grupos de reflexão, dêem uma vista de olhos na Lei n.º 55-A/2010, DR nº 253, I Série, de 31 de Dezembro de 2010, ou sei lá, visitem isto aqui.

Sempre que precisarem de ajuda, avisem, ok?
    Pedro T.

Ideias que saem da toca (2)

Seria injusto, porém, resumir as propostas do Mais Sociedade a uma espécie de FMI 2.
Como Passos Coelho tem prometido medidas para o crescimento da economia, a rapaziada lá amanhou umas ideias vagas, a maioria delas copiadas, perdão, baseadas em documentos da União Europeia (topa-se pela linguagem).
Mas a inspiração europeia nem seria má, tivessem os autores das propostas laranja lido os papéis com mais atenção. É que, a avaliar pelo que o Jornal de Negócios mostra hoje, o que o Mais Sociedade tem a propor já está feito e certificado.
Vejamos:




Redesenho de serviços públicos? Chama-se Prémio "Ideia.Simplex", aceita candidaturas até 30 de Novembro e tem por objectivo valorizar as melhores ideias de simplificação legislativa ou administrativa.
Licenciamento de empresas e simplificação de processos?  A "Empresa na hora" continua em fase de expansão, existindo actualmente em 215 postos de atendimento a nível nacional.

É possível fazer mais? Acreditamos que sim.


♪ Famílias que se deram mal na vida artística [3]


California Dreamin'
The Mamas and Papas

[After it was discovered that Michelle Phillips and Doherty were having an affair, tension in the band erupted. Consulting their attorney, Abe Somer, as well as their label Dunhill Records, the band drafted a formal statement expelling Michelle from the group in June 1966 - in the midst of recording their second album, The Mamas & the Papas.]

Ideias que saem da toca (1)

Enquanto Eduardo Catroga e Carlos Moedas continuam aos papéis, os vários grupos a quem Passos Coelho encomendou ideias começam a apresentar serviço.
Esta semana é o Compromisso Portugal, perdão, o Mais Sociedade, que se apresenta através do Jornal de Negócios (o histórico fundador do jornal há-de participar, lá mais para o fim da semana, num evento do grupo de reflexão).
E que nos trazem Carrapatoso e Companhia? Isto:


Ou seja, o PSD e os seus múltiplos porta-vozes - João Duque lá estava, manhã cedo, na TSF - conseguem apresentar aos portugueses aquilo de que talvez nem o FMI ainda se lembrara. A cartilha neo-liberal pura e dura.
Para cortar nas reformas ou no fundo de desemprego, convenhamos, nem é preciso tirar qualquer curso de economia.

Levantando o véu sobre as políticas sociais de Passos Coelho

No quarto trimestre de 2010, estimava-se estarem desempregadas em Portugal 619 mil pessoas (página 8).

Nesse momento, eram beneficiários do subsídio de desemprego, subsídio social de desemprego e subsídio social de desemprego subsequente 300 mil pessoas (página 19).

Não é preciso ser um génio para perceber que o problema, em Portugal, não é haver demasiada gente a receber subsídio de desemprego, nem que é limitando mais o acesso que se vai resolver a questão do emprego. Se o subsídio de desemprego fosse o problema, a pergunta a que estes senhores devem responder é: por que raio é que os outros 319 mil não encontram emprego?

Já ficamos todos a perceber o que "políticas activas de emprego" de Passos Coelho significam: retirar todos os apoios que existam para colocar as pessoas numa situação de subsistência e as obrigar a aceitar tudo e qualquer coisa que mexa e pague uns tostões.
    Pedro T.

Lamentável, de facto

Um assessor parlamentar do PSD que fuma cachimbo sintetiza de uma forma perfeita a pobreza de cultura democrática que campeia na São Caetano à Lapa: não temos ideias, não temos programa, não temos alternativa para o país, e quem nos perguntar sobre isso está apenas a fazer o jogo dos socialistas. Mas estrago a ideia, tão bem explanada aqui.
    Paulo F.

Chama-se a isto meter a viola no saco



Através de http://www.opovoequepaga.com/ qualquer cidadão poderá ter acesso ao número de nomeações actualizado. Estarão também disponíveis outros dados, tais como: o nomeado, a data de nomeação, o cargo, quem nomeou, o salário, etc. Neste site poderão também acompanhar as adjudicações já realizadas ou a realizar, concursos e compras feitas já depois do pedido de demissão do Primeiro-Ministro.

in Comunicado da JSD

Há três semanas, ou seja, desde que foi criado, que o blogue da JSD - com o patrocínio do DN e do CM - não é actualizado. Adivinhem porquê.