sábado, setembro 22, 2012

Esta extrema-direita económica que nos governa

• Miguel Sousa Tavares, A GRANDE CONSPIRAÇÃO [hoje no Expresso]:
    ‘(…) o objectivo de Passos Coelho e do seu quinteto de terroristas económicos (Gaspar, Moedas, António Borges, Braga de Macedo e Ferraz da Costa) é outro bem diferente: eles querem mudar o paradigma económico, mesmo que para tal tenham de destruir o país, como, aliás, estão a fazer. Fiel aos ensinamentos dos seus profetas americanos, esta extrema-direita económica que nos caiu em cima acredita que o Estado deve deixar de gastar recursos com quem não garante retorno e concentrar-se apenas em apoiar, ajudar, estimular e dar livre freio aos poucos negócios escolhidos — que, assim, não poderão deixar de prosperar. Aquilo a que chamam o “processo de ajustamento” da nossa economia é um caminho deliberado de abandono do que acham que não tem préstimo ou futuro: o emprego pago com salários decentes, os direitos do trabalho, as pequenas empresas que não exportam, a própria classe média que vive do trabalho. No fim do “ajustamento”, ficarão apenas as grandes empresas financiadas por baixos salários ou instaladas nos antigos monopólios públicos com lucros garantidos, e uma multidão de emigrados ou de desempregados, prontos a trabalhar por qualquer preço e em quaisquer condições. Esse será o seu “sucesso” final.

    Isto tornou-se claro com a história da TSU. Acreditar que uma medida tão irracional, fundada em estudos que nem se atrevem a mostrar e desacreditada por todos, capaz de pôr o país na rua e ameaçar o tão louvado consenso social e político, terá sido tomada por mera incompetência e precipitação é tomá-los por estúpidos. O que se pretendia não era aliviar a tesouraria das empresas ou potenciar as exportações. O que se pretendia, como ficou evidente na entrevista do PM à RTP, era garantir uma “vantagem” permanente: a baixa de salários. Porque esse é um dos objectivos centrais desta cruzada: desvalorizar por todas as formas, incluindo por via fiscal, o valor do trabalho. O princípio é simples e, se atentarem bem, tudo segue uma ordem pré-estabelecida: primeiro, rever a legislação laboral, para tornar os despedimentos fáceis e baratos; por essa via, criar um batalhão de desempregados que pressionem o mercado de trabalho, fazendo baixar os custos salariais; assim, potenciar os lucros de algumas empresas de mão-de-obra intensiva; e, assim, garantir o sucesso do “ajustamento” da nossa economia, “so help them God”.’

1 comentário :

Anónimo disse...

Nem mais. É a pura ganancia dos que lhes puxam os cordelinhos que está a transformar o "ajustamento" numa verdadeira tragédia para Portugal.
Imbecis como são todos os gananciosos, não percebem que mais tarde ou mais cedo, a bomba vai rebentrar-lhes nas mãos.
Não há nada mais imoral, preconceituoso, reles e hipócrita do que a direita dos negócios. É como ser de direita mas sem o arcaboiço ético e moral que a sustenta : em resumo, puros vermes humanos.É isto que tomou o poder em Portugal, infelizmente