terça-feira, outubro 23, 2012

Sem política europeia, Portas partiu à conquista de um mercado exótico algures nos Trópicos


aqui tinha exprimido a minha relativa surpresa pela ausência de Paulo Portas dos palcos europeus, aparentemente preferindo as viagens de longo curso em “executiva” às de médio curso em “económica” (ainda é assim?). O apagamento de Paulo Portas em relação à política europeia é hoje referido por Mário Soares e também por Paulo Rangel, eurodeputado e presidente do conselho nacional do PSD, num conjunto de considerações pouco simpáticas para o líder do partido mais pequeno da coligação de direita.

Eis alguns extractos do que escreve Paulo Rangel na edição de hoje do Público:
    ‘Neste segundo pilar, é fundamental que desenvolvamos uma diplomacia activa junto dos mais variados parceiros, com destaque óbvio para os restantes países em dificuldades. É aí, a meu ver, que entra o papel decisivo do ministro dos Negócios Estrangeiros, o qual se tem mantido demasiado discreto na condução dos assuntos europeus e, especialmente, na apresentação da sua visão para a Europa.’

    ‘Note-se que não é a primeira vez que critico este aparente relaxamento ou afrouxamento. Já o fiz, neste preciso espaço, há quase um ano, a 22 de Novembro de 2011, quando censurei a primazia dada à moda e à ilusão da "diplomacia económica". Lamento desiludir os mais entusiastas, mas não há diplomacia que possamos ou devamos adjectivar de económica. Há apenas diplomacia e tem de ser política. Há que estabelecer prioridades, que, de resto, não são necessariamente inconciliáveis. Uma correcção de rota na política europeia que atinge os países em ajustamento valerá bem mais do que a conquista de um mercado exótico adicional algures nos Trópicos...’

    ‘Poderia também objectar-se que o ministro dos Negócios Estrangeiros ao fazer - registe-se a ironia - "diplomacia paralela" ameaçava entrar em divergência com o eixo do primeiro tabuleiro, protagonizado pelas Finanças. Mas sabemos que o ministro dos Negócios Estrangeiros não se tem inibido de expressar divergências nos mais vários domínios. Ora, não seria de esperar que as formulasse, se as tem, com mais cabimento e com mais legitimidade, precisamente na área que tutela, que melhor conhece e na qual dispõe de poder próprio de intervenção? E, feitas as contas, essa pretensa divergência e a complexidade que ela traduziria não poderiam constituir também mais um trunfo negocial junto dos nossos parceiros?’

E Rangel conclui o artigo com uma paulada em ambos os ministros de Estado: em Gaspar, pela subserviência em relação aos credores externos e, em particular, a Merkel; em Portas, pela inércia para remar contra o fanatismo de Gaspar. Veja-se:
    ‘Mostrar disponibilidade para cumprir o que nos é exigido, mas demonstrar que esse não será talvez o melhor caminho; creio que anda por aí a solução para mais uma crise da nossa independência. Oxalá, os ministros de Estado a compreendam.’

2 comentários :

Anónimo disse...

Lembrei-me de algo: - O Dr. Portas sempre moveu um processo à Dra. Ana Gomes, conforme ameaçou(?) em tempos?

Anónimo disse...

O Dr. Portas gosta é de vestir caquis e de andar de camisa aberta a mostar a peitaça peluda, acompanhado pelo seu assessor Guedes....