terça-feira, abril 16, 2013

Queimar dinheiro na praça pública

• João Pinto e Castro, Queimar dinheiro na praça pública:
    ‘Em 2011 e 2012, o governo português programou retirar da economia, sob a forma de aumentos de impostos ou cortes da despesa, 18 mil milhões de euros; todavia, a redução efectiva do défice ficou abaixo de 5,8 mil milhões. Pelo caminho, desapareceram 12,2 mil milhões.

    Tenho, por conseguinte, o orgulho de poder anunciar-vos que'o nosso pequeno, mas engenhoso país ultrapassou estratosfericamente a façanha dos dois ingleses, queimando nos dois últimos anos uma quantia de dinheiro no mínimo 12 mil vezes superior.

    A questão que convém esclarecer é esta: para onde foram esses 12,2 mil milhões?

    Por força da política de austeridade aplicada, reduzindo-se a actividade económica, ficou a cobrança de impostos muito aquém do esperado; por outro lado, a quebra da actividade económica implicou mais despesa com subsídios de desemprego. A contrapartida real do desvario austeritário foi, pois, a destruição de riqueza nacional num valor próximo dos 6% do PIB.

    Como, apesar da colossal dimensão do sinistro, a notícia passou relativamente despercebida dos portugueses, talvez seja indicado recordar mais devagarinho o que sucedeu: a carga fiscal atingiu níveis intoleráveis; reduziu-se a oferta dos serviços públicos; degradou-se drasticamente a sua qualidade; trouxe-se o desemprego para níveis record; cortou-se drasticamente o rendimento disponível das famílias; milhares e milhares de empresas fecharam as suas portas - e, apesar da escala da austeridade aplicada, foi mínimo o impacto de toda essa loucura sobre o défice público.

    Por outras palavras, torrou-se dinheiro em Portugal numa escala e a uma velocidade nunca vistas ou imaginadas.

    Pessoas preocupadas com a má despesa pública fulminam a rotunda supérflua, o pavilhão gimnodesportivo subutilizado, a estrada onde passam poucos carros. Mas em todos esses casos, ficou apesar de tudo alguma coisa que podemos ver e, se necessário, utilizar. Ao passo que a obra de Gaspar consiste apenas e só em queimar dinheiro numa pira funerária, provocando directa e activamente a degradação das condições de vida de milhões de pessoas. Destruição a troco de nada, portanto.’

7 comentários :

Rosa disse...



Excelente!

Pensam que somos todos deolindos disse...



Mais devager: Gaspar não torrou nem um tostão! Este "jackpot" está todo devidamente "reciclado" nos cofres da Banca privada - a famosa "recapitalização". E a seu tempo será usado de uma forma bem lucrativa. Para os ulricos, claro, que se estão borrifando para o interesse nacional e para os patetas dos portugueses suaves.


Que esta gente não brinca em serviço.

Bruno disse...

Presumo então que defenda que em vez de aumentar impostos (que estão, e já foram herdados, em níveis incomportáveis) e fazer alguns (poucos) cortes na despesa do Estado seria melhor para as contas públicas construir mais rotundas e pavilhões gimnodesportivos? Creio que essa receita já foi aplicada durante a festa socialista e o (infeliz) resultado é aquele que se conhece.

Não, Bruno, não sou o único disse...



O resultado é que "se conhece", mas este Bruno parece que desconhece. "Desconhece" isso e "desconhece" também o "resultadão" que a "receita" da troika e do Gaspar & sus muchachos está a aplicar. Tá bem, ó Bruno, deves ser mais um ulrico. Tamos conversados.

Anónimo disse...

Leitor Bruno, bastava que este governo fizesse NADA, RIEN, NIENTE, não mexesse um cú e uma palha um ano inteiro que já dava uma ajudinha á economia.Isto é o quão mau este desgoverno é.
Como não sabem sequer estar quietos e tudo o que fazem dá merda, mais vale xuta-los pelo cano abaixo.
Se quiser pode mostrar a sua solidariedade para com os coitados e atirar-se também, ninguém se vai importar, esteja á vontade.

Anónimo disse...

Estou farto da conversa de merda dos gimnodesportivos e das rotundas.
Reduções significativas nas listas de espera dos hospitais, aumento do numero de centros de saude e seu melhor funcionamento, complemento solidário para o idoso, aumento de várias prestações sociais para os que realmente precisam, impulso nas energias renovaveis, melhorias na educação ( comprovadas pela OCDE), impulso ás exportações, modernização e informatização de toda a direcção geral de impostos, etc etc etc, são também coisas que fazem parte do legado do governo anterior, alguns exemplos entre tantos outros.
Coisas que agora anda toda a gente aqui del rei que nos querem tirar!
Se o governo anterior , os governos anteriores do PS, deixaram assim tão pouca obra feita que se visse, que raio é que anda prai tudo a barafustar que lhes querem tirar o estado social?! Quem foi precisamente que construiu o tal estado social que agora todos temem ser retirado?!
Vão prá p*** que vos pariu a todos com a história do legado e do despesismo. Gente mal agradecida, que só nota o que de bom têm quando o perde.Por mim ficavam todos sem estado social e com um cancro nas mãos para vêr se "aguentavam".
O único problema é que quem têm a noção do que foi conseguido em termos sociais neste país desde o 25 de abril ultimos anos vai ter de apanhar de tabela com as escolhas de meia dúzia de irracionais, que, no dia em que precisarem verdadeiramente do estado social que desdenham , serão os primeiros na fila a berrar contra o mal que ajudaram a fazer.

Ignorância às arrobas disse...



Para além de que os Pavilhões, as Bibliotecas e as rotundas foram feitas não pelos Governos PS, mas pelas Câmaras de todas as cores formatos e feitios!


Ou não tenha eu conhecido bem os meandros da maioria das câmaras do PSD, desde Castelo Branco, dos velhos tempos pré-J. Morão, a Viseu, do dinossauro Ruas, incluindo a Sertã do falecido, Proença-a-Nova do Coronel e o Funchal pré-Albuquerque. Tudo nos bons tempos do "oásis", dos "IP's e IC's" e do impante cavaquistão...


Mas vá, continuem a ler o correio da manha e a falar das rotundas e dos fatos do Sócrates. Os vossos filhos um dia hão-de "agradecer-vos" a ignorância, palermas.