sexta-feira, maio 17, 2013

Anatomia de um crime


Subitamente, o mundo mudou. António Lobo Xavier e Pacheco Pereira (cf. a SIC Notícias e o Público) reconheceram, ontem na Quadratura do Círculo, que o PSD e o CDS-PP foram os autores materiais da vinda da troika — muito embora tivessem poupado Cavaco, que, por actos e omissões, foi o autor moral do crime.

Passos Coelho fez tudo para provocar a entrada no país do que viria a designar-se por troika. Mais, Passos Coelho, após assumir a liderança do PSD, procurou convencer os portugueses de que até seria bom que a “ajuda” externa chegasse. Fê-lo, por exemplo, em Outubro de 2010, quando disse que “ela [a ajuda externa] será bem-vinda e não vale a pena diabolizar a possibilidade de acudirmos [sic] a quem nos possa ajudar se outros mecanismos falharem.” Ao longo dos meses que antecederam as eleições de 2011, todas as intervenções de Passos Coelho foram no sentido de dar uma imagem cor-de-rosa do FMI (“não vale a pena estarmos a diabolizar o FMI”), para assim justificar, por um lado, o chumbo do PEC IV e, por outro, a entrada no país da troika, o pé-de-cabra que serviria de pretexto para todos os desmandos a que assistimos na hora actual. Como ainda ontem Manuela Ferreira Leite afirmou: “Gaspar usa a troika como álibi”.

João Proença, o anterior secretário-geral da UGT, dá força a esta convicção de Manuela Ferreira Leite, ao contar que a troika o tinha informado de que o corte de quatro mil milhões no Estado social resulta tão-só de uma proposta do Executivo português. Isto revela que o Governo olha para a crise como uma oportunidade para virar o país do avesso.

Os arrebatamentos juvenis do Moedinhas ajudam a perceber melhor o que sempre norteou os estarolas da São Caetano: “Portugal tem uma fantástica oportunidade para mudar o lado estrutural da economia e isso não tem nada a ver com os mercados e com o que se passa fora de Portugal”. Neste sentido, a “revolução” gaspariana, que se traduz em ininterruptas golfadas de austeridade, tem o propósito de não deixar pedra sobre pedra, para permitir impor uma economia assente em baixos salários e sem o “espartilho” do Estado social tal como o conhecemos.

A posição ontem tomada por Lobo Xavier significa que há uma direita dos negócios (passe o pleonasmo) para a qual o empobrecimento dos portugueses, a que Passos Coelho fez alusão só depois de vencer as eleições, está a ir longe de mais, ao arrasar a procura interna. Nada que José Sócrates não tenha avisado em tempo: “as medidas impostas por esses programas são muito mais nocivas para a qualidade de vida dos portugueses”.

6 comentários :

Anónimo disse...


O Seguro só cá veio ver a bola, claro.
Tudo isto lhe passa ao lado. O mais cobarde lider que o PS já teve.

Anónimo disse...

depois do carvalhas ter assumido a mesma coisa, finalmente temos o mea culpa da coligação franco-prussiana. já para o cadafalso por traição ao país!

Anónimo disse...

Não foram os belmiros e o pinguço que ajudaram à festa e entraram na campanha de carácter que foi promovida contra o Sócrates?....

Aí está... o que estava para vir

Muita gente foi levada por camapnhas negras dos interesses e agora é que estão a ver que foram instrumentalizados ...

Muita gente, pensando que apenas estava a bater no Sócrates, chega agora, infeliz e tristemente à conclusão de que estava apenas a assinar o seu destino....

E ainda está muito para vir...

E o PC e o BE, que votavam sempre ao lado desta gente e que abriram caminho ao que se está a assistir.... também devem estar muito contentinhos com o resultado

Anónimo disse...

O aprendiz de feiticeiro, o bolo rei das escutas telefónicas, os banqueiros e a mulher do comentador autarquico, o traidor e aquela esquerda inconsequente que de tão inconsequente é instrumentalizada por qualquer aprendiz de feiiceiro.

´Já para não falar daquela massa de comentadores que debitam tudo e o seu contrário em função do reflexo condicionado do momento
Toda essa gente precisa

Pandil disse...

Leio no DN que
Marques Mendes afirmou, esta noite, em Coimbra, que os banqueiros são dos principais responsáveis pela atual situação de Portugal e que a sua função é gerir bem os seus bancos e não o país.

Deve ser a semana dos nacionais arrependidos...
Bem diz o outro , só pode ser milagre.

Anónimo disse...

Conclusão, anda tudo á chavascada e agora ninguém quer ser o pai da criança...que gente cobarde , que gente de merda este povo elegeu para nos governar.
Serão o espelho do próprio povo? Cabe a esse mesmo povo provar que não, só têm uma oportunidade, nas eleições autarquicas que se aproximam.Usem-na como deve ser, desta vez .