quarta-feira, julho 24, 2013

Uma jogada de xadrez — porque a vida custa a (quase) todos

Fez-se insistentemente constar que Vítor Gaspar foi, durante um ano, o preceptor de Maria Luís Albuquerque, para que a Miss Swaps estivesse em condições de poder vir a assumir as pesadas responsabilidades de representante dos credores externos na Praça do Comércio. A realidade parece no entanto desmentir esta versão idílica da passagem de Gaspar pelo Governo. Na verdade, tudo leva a crer que o ex-procônsul esteve um ano à procura de emprego.

Todos os lugares que poderiam interessar a Gaspar estavam ocupados. Era preciso, portanto, fazer saltar uma peça. A escolha de um novo conselho de administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD) foi o momento certo para arranjar uma vaga, tanto mais que o ex-ministro tinha chamado a si a incumbência de mexer no xadrez dos lugares do pote.

Gaspar convoca Ana Cristina Sousa Leal, até aí directora do Departamento de Estudos Económicos do Banco de Portugal, para a administração da CGD. Vagando o cargo que Ana Cristina Sousa Leal ocupava, é de imediato aberto concurso para o seu preenchimento. Veja-se o perfil requerido.

Tratando-se de um cargo vocacionado para produzir as previsões do Banco de Portugal, o diabo é se um dos outros eventuais candidatos se lembra de se fazer acompanhar das previsões falhadas de Vítor Gaspar (cf. aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui…), para mostrar ao júri do concurso tudo o que se não deve fazer em matéria de previsões. Não há crimes perfeitos.

Neste contexto, os empurrões e as cuspidelas com que Vítor Gaspar foi mimoseado num supermercado não foram a gota de água para escrever a carta pública de demissão. Gaspar foi ao supermercado à procura de um pretexto — para saltar de um governo no qual decidira fazer experiências sociais e levou o país a bater na parede.

6 comentários :

Mas vamos lá a saber disse...



Há alguma prova factual dos "empurrões" e das "cuspidelas"?

Ou "é só fumaça", com o dizia o outro?

Zeca Diabo disse...

Nada se passou em supermercado algum. Isso foi tudo um spin absolutamente básico. Senão, é preciso resposta às seguintes questões:
1. Em que supermercado foi?
2. Quem foram os agressores?
3. Se houve agressões não foi levantado auto? Não foi apresentada queixa? É que por segurar uma folha A4 houve quem fosse agredido e preso, e por interromperem uma via, mais de duas centenas de manifestantes foram de cana.
4. Porque razão TODOS os media apresentaram a noticia como se estivessem a recitar o mesmo press-release?

Fernando Romano disse...

Ao Câmara Corporativa não escapa nada.

É Serviço público! Puro e duro.

Carlos Fonseca disse...

Um fato feito por medida.

P.S. - Também não acredito na fábula das cuspidelas, nem sequer da ida ao supermercado.

Rosa disse...



Lamentável!!

Anónimo disse...

"Experiência relevante em gestão
Capacidade de liderança, facilidade de comunicação e de relacionamento interpessoal e capacidade de promoção do espírito de equipa;
Fluência em português e inglês (escrito e falado)"

Acho que com estes requisitos Gaspar não vai lá...
Experiencia de gestão? Nenhuma, é um académico e como se viu durante toda a governação a única experiencia de gestão que têm é com a organização de folhas excel.
Espirito de equipa?Facilidade de comunicação e relacionamento interpessoal?! Não me façam rir...
Por ultimo, fluencia em Português?! Aquela velocidade com que debita palavras? Pelo amor da santa...