segunda-feira, agosto 05, 2013

O regresso de Arroja

Pedro Arroja, gestor de fortunas, está de volta, com direito a duas páginas no caderno Economia do Expresso: “Habituou-se a ser olhado como excêntrico, antes mesmo das suas ideias desconcertantes, ‘fora da caixa’ liberal, como as privatizações até do ar ou dos rios, um mercado de venda de votos ou órgãos humanos ou a defesa de um regime autoritário, colidirem com o pensamento dominante. Ficou vacinado contra rótulos ou dichotes.

Mesmo vacinado, a vida não está para brincadeiras: “Há poucas fortunas, aceitamos poupanças a partir dos €5000. É um negócio em crise, como todo o negócio financeiro.” Talvez por isso, “regressa à luta das ideias com o lançamento no outono de um livro em que explica a tendência dos portugueses para os défices pela ‘cultura feminina’ reinante.

Há mais na “doutrina” de Arroja (para além da atribuição da responsabilidade dos “défices” à “cultura feminina”) que o Expresso faz o favor de desvendar: “a sua doutrina sofisticou-se, extremando sempre posições. Defende uma democracia sem partidos, é contra a massificação do ensino superior, uma ideia importada dos países do norte. Quem não aceder à universidade ‘pode desenvolver outros talentos’.

Mas a principal “luta das ideias” que o gestor de fortunas se dispõe a empreender é contra o sistema político: “a instituição mais danosa e adversa que importámos são os partidos.” Por isso, “[a] proibição dos partidos será a primeira medida para restaurar Portugal.” Uma vez com a mão na massa, Arroja aproveitaria a oportunidade para dar mais uns retoques na restauração do país, abolindo “o Ministério Público, o Estado-providência e a própria instituição da liberdade de expressão”. Deixou aparentemente saudades a Arroja o Estado Novo (e as colónias): “A única fase de prosperidade económica, estabilidade e unidade nacional foi quando os partidos estiveram proibidos.

Não se pense no entanto que ele é contra a democracia: “Há muitas soluções, mas há uma à vista de todos: a eleição de um Papa. É um exercício democrático, a comunidade de seis mil milhões sente-se representada e mantém-se unida há dois mil anos. O colégio representativo, com pessoas que se distinguem pelo mérito e sabedoria, com autoridade que emana do povo é uma via possível.” Uma vaga suspeita do Expresso sobre a democraticidade do método proposto é desfeita num ápice: “Tem democracia, sim, mas não votam todos. O voto não é universal, os seminaristas de 18 anos não votam. Seria uma elite seleccionada em função da idade e mérito, assente em homens maduros, homens de julgamento.

Homens, claro, para prevenir a contaminação dos “défices” pela “cultura feminina” — e seleccionados provavelmente pelo próprio Arroja na “bela moradia na Foz com vista para o mar, já despojada do ostensivo placard de néon que não resistiu à humidade atlântica”, onde consta que gere fortunas.

10 comentários :

Anónimo disse...

É por estas e por outras (como a entrevista da semana passada à senhora que brinca aos pobrezinhos) que eu deixei de comprar o Expresso à muitos anos.

Anónimo disse...

Isto é mau demais para ser verdade.........

Anónimo disse...

Este, pelo menos, diz abertamente o que pensa, embora tenha o instestino grosso ligado ao cérebro. Os perigosos são os que, com argumentos falsos e legitimados pelo economês reinante na comunicação social querem fazer o mesmo sem assumir!

Anónimo disse...

No tempo de Salazar , também tínhamos uma "democracia dictatorial"(sem partidos) com ida às urnas e tudo...!!!

Corvo Negro disse...

.... e o Expresso, que foi um jornal de referência, ainda dá "tempo de antena" a mentecaptos como este?
Impressionante.

João das Regras disse...

Exemplo típico de que as Universidades estrangeiras, em muitos casos, são de atrasados mentais e só formam atrasados mentais. Mais: contratar um idiota deste calibre em vez de alguém que preferiu ficar por cá a estudar é um exercício de futilidade.
O Arroja quis ser arrojado, mas o arrojo só deu para a asneira. Tanta gente que faz falta desaparece e este monte de esterco anda por aí de costa direita, sem um badagaiozinho para lhe toldar os cornos.

Diz o artigo da Wikipédia sobre o sujeito:

"[...] A Universidade Portucalense, no Porto, a Escola Superior de Jornalismo do Porto, a Universidade Nova de Lisboa [a bosta da FEUNL, aposto],a Universidade Autónoma de Lisboa a Universidade Lusíada e a Universidade Moderna tiveram igualmente a sua preciosa colaboração como docente. [...]"


Imagino as "preciosidades" que debitava nas aulas que dava...

Anónimo disse...

Não há dúvidas : entramos na silly season a todo o vapôr...

Anónimo disse...

Só o expresso do Sr Ricardo Costa pode permitir a um idiota destes tal vómito. O fulano tem uma inteligência um pouco superior a um orangotango!!

Anónimo disse...

"O fulano tem uma inteligência um pouco superior a um orangotango!!"

Superior? Superior? Não há necessidade de ofender os orangotangos.

ana

Anónimo disse...

O melhor professor que tive!As suas aulas eram imprevisiveis e desconcertantes,não debitava matéria para os marrões tirarem apontamentos,puxava por nós e escutava-nos ao contrário da maioria dos professores.
Marco Pinto,Coimbra