quinta-feira, agosto 15, 2013

"Um país que disparou no desemprego, mandou os seus jovens emigrarem, pontapeou reformados, despede sumariamente funcionários públicos, corta à bruta nas prestações sociais"

• Ana Sá Lopes, Provavelmente a melhor notícia...:
    ‘O problema com a corda que nos foi atirada para dentro do poço é que não é suficientemente sólida para que, na festa do Pontal que vai acontecer sexta-feira, o primeiro-ministro proclame novamente o fim da crise para o ano que vem (já a tinha prometido para este ano). Infelizmente, o risco de a corda se partir é enorme: os cortes de 4 mil milhões que o Orçamento do Estado para 2014 vão contemplar significam, como apropriadamente o ministro da Administração Interna lhes chamou, "meter o Rossio na Rua da Betesga" - mais vítimas, mais desempregados, menos rendimento disponível, menos investimento. Era a altura certa para inverter a marcha alucinada da santa aliança entre troika e governo e travar a fundo. O país é insustentável com uma taxa de desemprego de 17% - e os números terríveis do desemprego de longa duração ajudam a explicar como o governo e a troika se empenharam a criar uma segunda geração perdida, a par dos jovens.

    A ideia de que o número de 1,1% - que apanhou de surpresa vários economistas, já que as previsões admitiam um cenário muito mais grave - é um factor de redenção do Memorando da troika é falaciosa. Um país que disparou no desemprego, mandou os seus jovens emigrarem, pontapeou reformados, despede sumariamente funcionários públicos, corta à bruta nas prestações sociais, não é seguramente uma prova da validade do Memorando. (…)’

1 comentário :

Rosa disse...



Excelente, Ana Sá Lopes!