segunda-feira, março 31, 2014

Entrevista do chinês:
a prova de que a mentira e a calúnia moldaram o PSD [2]

Voltemos à entrevista de Barroso. A dado momento, o mitómano afirmou com uma ligeireza impressionante: «(…) Portugal, de acordo com o que comunicou a nível técnico, tinha pouco mais de €300 milhões em caixa. Nós, na altura, não dissemos isto porque não quisemos criar mais alarme. Agora, quando se fizer a história desse período, vai saber-se que, não só em Portugal mas noutros países, a situação era de crise de liquidez que se transformaria a curto prazo numa crise de insolvência ou, numa linguagem que toda a gente entende, bancarrota.»

Barroso põe a nu o seu desconhecimento das finanças públicas — e, em particular, da contabilidade pública. Mas esse é um problema seu (e da direita).

O que importa destacar é que também neste ponto Barroso mentiu quando fez alusão a que não haveria dinheiro para «pagar salários e pensões». Veja-se (recorrendo a dados de Emanuel Santos, que constam do seu livro Sem Crescimento Não Há Consolidação Orçamental):

No primeiro semestre de 2011, as receitas cobradas dos impostos sobre o rendimento (o IRS e o IRC) ascenderam a 5,643 mil milhões de euros e os salários pagos aos trabalhadores do Estado e dos Fundos e Serviços Autónomos somaram 5,099 mil milhões de euros. Ou seja, o valor da cobrança de apenas aqueles dois impostos foi suficiente para pagar os vencimentos da responsabilidade da Administração Central. Acresce que a soma do IRS e do IRC é inferior à receita do IVA arrecadada no mesmo período (6,644 mil milhões de euros), como se pode ver pelo seguinte gráfico:


Também o pagamento das pensões não estava em causa. Na sequência da reforma do sistema de segurança social em 2007, e apesar dos efeitos da crise internacional, as contribuições e quotizações cobradas (6,634 mil milhões de euros) superavam as despesas com pensões (6,337 mil milhões de euros) no primeiro semestre de 2011, como se pode ver pelo seguinte gráfico:

4 comentários :

Anónimo disse...

nesse caso,tendo em conta isso,qual era a necessidade de chamar o fmi? Qual a necessdade de ir aos mercados?

alanys disse...

A ida aos mercados era para o serviço da divida e os bancos estavam sem liquidez.

Anónimo disse...

Pois, tem muita razão, a receita arrecadada (mal) chegava para fazer face a vencimentos e pensões. Isso é indiscutível. Mas então e o resto? O investimento público (megalómano que provocou derrapagens insustentáveis que foram muito além das orçamentações iniciais)? Os compromissos internacionais? O caso BPN? and so on...
Como é que tudo isso se paga?

Acho curioso que retomem a teoria de que estava tudo bem!

Rajada de G3 disse...



Achas "curioso", palhação das 11:41?


Não é nenhuma "teoria", inútil. É a REALIDADE! Se não estava "tudo bem", ao menos ESTAVA TUDO BEM MELHOR do que agora, quase três anos depois de se ter começado a "melhorar" tudo!


Quem é que tu pensas que enganas com as tuas parvoíces, bacorão?