sábado, abril 19, 2014

Provedor do telespectador da RTP
deixa voz do Governo em palpos de aranha


Hoje, no programa Voz do Cidadão, o provedor do telespectador da RTP, Jaime Fernandes, não deixou margem para hesitações: A Opinião de José Sócrates «deverá regressar à sua forma original ou, caso contrário, deixa de fazer sentido na televisão pública».

Depois de muitos telespectadores se terem queixado da condução do programa por conduta de José Rodrigues dos Santos, o provedor justificou a sua posição com o facto de o programa ter sido anunciado como de opinião, o que «pressupõe que o comentador faça as considerações que entende sobre temas da actualidade sem necessitar de contraditório», o qual terá de acontecer «em espaços distintos da programação, de debate ou de entrevista».

Assunto arrumado? Não, a voz do Governo — José Manuel Portugal, recentemente empossado como director de informação da RTP — não faz tenção de retirar o rottweiler de cena: estão a ser equacionadas hipóteses, mas «não há qualquer definição».

E, aparentemente perdido na maquinação que o Governo lhe impingiu, sai-se com esta pérola, como um capataz a dar ordens a serventes: «Tenho que me sentar com o engenheiro José Sócrates e com Dr. Morais Sarmento para definirmos em conjunto o que vai acontecer, mas para já fica tudo igual». Alguém imagina José Sócrates a sentar-se obedientemente em frente do tal José Manuel Portugal para ouvir o sermão que o Governo lhe encomendou?

(Fico à espera que a RTP coloque no site a edição de hoje do programa do provedor do telespectador para voltar ao assunto.)

4 comentários :

Victor Nogueira disse...

Todos os comentadores políticos estão ligados a partidos políticos,tomam posições políticas; mais do que comentadores são advogados de defesa ou de propaganda. Sócrates não foge à regra. Mas de repente a RTP descobriu a "virtude" da "isenção". E como se Salomão fosse, em campanha eleitoral afasta Sócrates/PS e Sarmento/PSD. Pura areia para enganar o pagode. Porque os entertainers políticos do ps-psd-cds continuarão com os seus espaços de "opinião" ou pretenso debate pluralista nas televisões privadas. Não é com o afastamento de Sócrates e de Sarmento que aparecerão comentadores de outras áreas político-partidárias nem os jornais noticiosos se tornarão pluralistas. Sobretudo em campanha eleitoral. Afinal depois do black-out na campanha eleitoral para as autarquias, a que a RTP aderiu, a Comissão Nacional de Eleições "aconselha" ou "opina" deixando às TV's a "liberdade" dos critérios editoriais ou seja, a definição das regras do jogo quanto às candidaturas em presença. Ou a pretensa "liberdade" dos critérios eleitorais ou novo black-out, black-out que favorece ainda mais o Governo e os partidos que o suportam, impedindo alguma discussão ou debate sobre as questões europeias, em conivência com as as pretensas teorias da inevitabilidade da austeridade, da permanência na UE e na Zona Euro a favor do pensamento único contra a pluralidade. Tudo isto em nome da "Liberdade" de informar mas não do direito dos cidadãos/cidadãs a serem informados/as e do dever de informar sem entorses por parte dos órgãos de informação.

ignatz disse...

«deverá regressar à sua forma original ou, caso contrário, deixa de fazer sentido na televisão pública»

como não regressa à forma original, aplica-se o caso contrário, acaba o programa. como isto vai ser difícil de explicar ao sócras, o portugal ameaça levar o pugilista de guarda-costas para a reunião. eu queria saber é se transmitem a reunião em directo e a que horas, porque o resto já sabemos como vai acabar.

Anónimo disse...

O "Jaiminho" é laranjinha desde 24 de Abril e daí, não se espere que faça algo que não respeite a Buenos Aires.

Viveu sempre a custa do patronato

Ordem e Progresso

Anónimo disse...

qualquer estação de televisão devia tratar bem um comentador que traga audiências para o seu canal.

Só na RTP as coisas estão ao contrário. Por que será?

será que ainda vamos ver Sócrates na SIC ou na TVI?