segunda-feira, maio 19, 2014

O doce perfume da mentira

• António Correia de Campos, O doce perfume da mentira:
    «(…) A direita insiste na sua estória sobre Maio de 2011. A Troika teria vindo chamada pelo PS a ele deveriam ser assacadas todas as tropelias que o Governo lhe consentiu ou até incentivou. Dupla mentira: o PS tudo fez para evitar a Troika. Passos e Portas tudo fizeram para que a Troika entrasse. Associaram-se à ultra-esquerda para fazer cair o governo socialista minoritário, mentindo por omissão quando alimentaram a fábula de não terem sido ouvidos sobre o PEC 4, quando Sócrates gastou três horas a discuti-la com Passos. Segunda mentira: se o programa correu mal, a culpa foi do desenho inicial, assacado aos socialistas. Esquecem as suas manifestações de regozijo com a intervenção. Esquecem que o programa inicial era medicina benigna, comparada com a que Vítor Gaspar apimentou, na mira de mostrar serviço e conquistar melhor emprego. O que conseguiu.

    A coligação trauliteira não perde ocasião para agravar um defeito da cultura nacional: tem que haver sempre um culpado, pois o povo adora autos de fé. Mas existe uma terceira mentira de imensa amplitude. Alega a dupla trauliteira que o PS é o partido da despesa pública, ao longo de quarenta anos. Falso. Desde que existe estado de direito, o PS governou 14 anos e meio: 1977-1978, 1995-2002 e 2005-2011. O PSD em maioria absoluta governou quase dez anos, de 1985 a 1995. E em coligação com o CDS governou 10 anos: de 1980 a 1983, de 2002 a 2005 e de 2011 a 2014. Ou seja, a direita só ou coligada é responsável por 20 anos de desgraça governativa e de despesismo consciente. Alguns exemplos mais gritantes: O pagamento de indemnizações e rendas empoladas artificialmente às Misericórdias, em 1980, com o pretexto de terem sido “esbulhadas” de serviços de saúde, o que foi falso; Um novo sistema retributivo que aumentou em 28%, num só ano, a despesa em ordenados da função pública; o 14º mês aos pensionistas em 1992; a contagem fictícia de anos de contribuição para a segurança social, a famosa “compra de anos”, que induziu a reforma artificialmente antecipada dezenas de milhares de beneficiários activos; a aposentação no ensino aos 52 anos; a prescrição de medicamentos subvencionados pelo SNS, nas consultas privadas, três meses antes das eleições de 1995, fazendo disparar a factura farmacêutica; os dois submarinos do Dr. Portas, decididos entre 2002 e 2004. Em matéria de despesismo, o PSD/CDS abriram escola: fazem o mal e a caramunha.

    Após 2011 uma nova forma de desbaste do Estado atacou em Portugal. A delapidação do património: a ANA concessionada por 50 anos e vendida aos franceses a preço de saldo, em ocasião de saldo; as jóias da coroa, EDP e REN, despachadas com tanta rapidez que nem deu para corrigir as rendas. A privatização dos CTT, apresentada como êxito e agora entrando em rápida perda de valor bolsista. A TAP só não foi despachada por ninguém querer pegar no “brinde” da empresa paulista de manutenção que gera prejuízos. A EGF, vendável num abrir e fechar de olhos, se não fosse a servidão que a vincula aos municípios seus participados. Os Franceses querem as águas (o que só parcialmente conseguiram na Grécia), os Alemães ainda não excluíram a TAP da sua ambição. Outra forma de delapidação consiste na destruição de activos: o Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, limitado por lei a deter 55% de obrigações nacionais, vai ver desaparecer esta cláusula para ter que comprar obrigações do tesouro até 90 % dos seus recursos, o que o levará a baixar os activos estrangeiros. A mistificação chega a enganar um respeitável diário que titula ingenuamente “Pensões menos expostas a dívida estrangeira”. A mentira subtil chega a fazer parecer que é bom o que é deveras mau. Sempre poetas, estes financeiros.

    Mas a poesia não faz esquecer que o desemprego em três anos subiu de 9 para 15%; que a emigração por dois anos seguidos, passou aos valores do tempo da guerra colonial, 110 a 120 mil emigrantes, agora todos com formação profissional qualificada; o risco de pobreza aumentou para 25% e o número de pobres, de 16 para 18 %; a frequência do ensino superior foi reduzida para além do efeito demográfico e a desistência dos estudos aumentada por incapacidade financeira das famílias; a constituição de novas famílias, com o elevado desemprego jovem, tornou-se mais difícil o que certamente influencia a baixa da natalidade; a dívida pública passou em três anos de 90 para 130% do PIB, tornando os seus encargos anuais iguais ao orçamento da Saúde. (…)»

14 comentários :

Anónimo disse...

Aqui, neste escrito está tudo dito.

Morgado De Basto disse...

Ao longo destes três anos de TRAPAÇA e VIGARICE,levada a efeito por um governo de SERVENTUÁRIOS do capital financeiro e de CARRASCOS de Portugal e dos Portugueses,era com os pés devidamente assentes no chão dos FACTOS aqui demonstrados e sustentados na VERDADE Histórica,que a actual direcção do Partido Socialista,devia ter posto o grupo de quadrilheiros em seu sitio e feito OPOSIÇÃO à séria,em vez de uma postura de engonhamento, que só contribuiu para o estado em que estamos.Era assim tão difícil?(...)

João Santos disse...

Claro que a atual direção do PS tem grande parte da culpa na mentira que tem sido vendida aos portugueses.

É necessário e urgente a direção do PS mudar de rumo e fazer oposição séria e firme a este bando de criminosos que em três anos conseguiram destruir o que foi construído em quarenta.

Vidente disse...



Muito bem, Correia de Campos (e comentadores...)!

Anónimo disse...

O PS tem o dever histórico de pôr na sua liderança um tipo de barba rija e com eles no sítio, um que corte a direito e chame os bois pelos nomes - como o povo espera e deseja. Estamos fartos de jotinhas que só servem para empatar e causar dano por omissão.

Anónimo disse...


E o que foi destruido entre 2005 a 2011 isso não conta?

Evaristo Ferreira disse...

Anda por aí um moço de recados, arregimentado pelo "doutor" Relvas, a deitar-nos poeira para os olhos, tal como fazem o par de mulas que escoiceiam em S. Bento.
O tempo está a dar-lhes dor de dentes. Adiante.
A peça de combate apresentada aqui por António Correia de Campos vale por toda a comunicação social que alinha, toda ela, com esta ciganagem. Os jornaleiros e palradores têm dado cobertura aos Escuteiros Mirim que se apoderaram do "pote". No meio desta corja de aldrabões, é bom sentir que ainda há luar.
Parabéns a Correia de Campos.

Victor Nogueira disse...

Correia de Campos faz parte dos cavaleiros da triste figura. Faz parte da firma "tó zé cisco assis ribeiro zurrinho & associados". Felizmente para eles que joão paulo II afirmou urbi et orbi que o inferno não existe, pelo menos no etéreo céu.

Que busca sócrates no meio deles, qd os desmente e afirma e reafirma que o seu ps foi traído pelo votos de pedro e paulo do psd-cds? O leque político segundo a firma é constituído pela extrema direita ultraliberal (psd-cds) e pela extrema esquerda sectária e sem sentido de estado que não quer pagar as dívidas (pcp-pev-bloco). No meio está o ps qualquer que ele seja, respeitosamente respeitável !

A conversa da treta cheira a disco rachado.
Entretanto, independentemente da troika, quais as medidas que efectivamente eram postas em prática pelos PEC's, o quarto incluído ? O PEC IV foi reprovado pk o psd votou contra, para ser ele a pôr em prática as medidas exigidas pela banca a que teixeira dos santos/ps deu cobertura.

E estando sócrates de saída, porque não deixou para seguro a assinatura do pedido de intervenção da troika, assinado tb pelo psd-cds ?

Victor Nogueira disse...

em tempo - the last but not the least

E estando sócrates de saída, porque não deixou para seguro a assinatura do pedido de intervenção da troika, assinado tb pelo psd-cds ? Pk assinou sócrates a imposição dos banqueiros ?

Anónimo disse...

Pois Victor Nogueira, eu tenho memória e recordo bem que nessa altura se discutiu muito quem deveria assinar o memorando. Socrates queria que fosse negociado e assinado apenas após eleições por um governo legitimado, uma vez que o seu estava de saida e sem autoridade para fazer o que quer que fosse.
Mas esses cabrões do PSD nem isso aceitaram, e com razão : sabiam bem que mais tarde teriam o bode expiatório perfeito caso a coisa corresse mal, como correu.
São uns filhos da putinha autenticos mas estupidos não são, como aliás se prova pelo simples facto de , após 3 anos catastroficos de governação, ainda lá estarem empoleirados.

Agora para o anónimo das 03:44 : sim, e o que foi destruido entre 2005 e 2011, elucida-nos lá? Não sabes? Se calhar é porque destruição é coisa que não aconteceu no periodo mencionado, mas sim crescimento e evolução. Mas enfim, pérolas a porcos...

Cão Raivoso disse...



O que foi "destruído" entre 2005 e 2011 foi o velho Brutogal dos privilégios e do possidonismo.


Mas não te iludas, arrastadeira nojenta, que essa "emissão segue dentro de momentos" e não vais perder pela demora, canastrão de merda.


Oxalá vivas ainda alguns meses, para não perderes pitada, pançudo...

Evaristo Ferreira disse...

Oh, Victor Nogueira, que cegueira, que ódio é esse que te leva a querer banir Sócrates? Por que não dizes o mesmo sobre Ferreira Leite, Santana Lopes, Durão Barroso ou Cavaco Silva? Toda esta gente fez pouco pelo país, mas não é razão para querermos a sua deportação. Sócrates vai ficar na história como o melhor 1º.Ministro deste país, apesar de ter sido apanhado pelo grande cisma financeiro que assolou a Europa, vindo dos States. Não faças dos outros parvos.

Anónimo disse...

marionetes do almeida santos, soares, constancio, sampaio...distribuidores dos milhares de milhoes que os tugas tiveram que sofrer agora. recuperacao da credibilidade financiera internacional num mundo regido pelo dinheiro para o regresso do socialismo, a arte de gastar o dinheiro dos outros sem intencao de pagar. maldita falta da uniao nacional anti-ps antes do PEC IV, mas prefere-se sangue em portugal que engolir um sapo. segurem-se pois os tempos vindouros nao apregoam nada de bom, com um marionete Seguro em vez dum Homem com cerebro Assiz? explica muito so socialismo distribuidor dos milhares de milhao entre conhecidos e adjudicacoes diretas sem concurso publico de escolas com ar condicionado mas sem dinheiro para pagar electricidade. unico futuro para portugal, um portugal sem socialistas...

Anónimo disse...

Mas qual dinheiro dos outros oh imbecil? Onde achas que os outros foram buscar o dinheiro que tão zelosamente guardam e não querem partilhar?
Acaso és dos que pensam que puxando o cobertor para cima da cabeça os pés não ficam á mostra?
Ve lá se percebes algo elementar que se dá na primária, meu idiota : os superavits de uns são os deficits de outros. Anda muito boa gente que agora não quer emprestar dinheiro aos "gastadores" a encher a mula nossa custa.Anda muito boa gente no governo, que agora se arma em frugal, que no passado gastou á farta o que não era deles. E tu foste e és um deles.