sábado, maio 31, 2014

O país agradece o gesto de Costa

• Nicolau Santos, O país agradece o gesto de Costa [hoje no Expresso/Economia]:
    «Como é que a direita portuguesa teve uma derrota histórica nas eleições europeias de 25 de maio e está bastante confortável, se não mesmo contente, com os resultados? E porque é que de repente a única coisa que se discute não é essa derrota histórica, em que o PSD não terá tido mais de 25% dos votos e o CDS, se tivesse concorrido sozinho, teria ficado atrás de Marinho Pinto, é a liderança do Partido Socialista? Pois, pura e simplesmente porque a mensagem dos eleitores foi muito clara: não confiamos no PSD nem no CDS para continuarem a dirigir os destinos do país; mas não vemos que a atual liderança do PS seja suficientemente forte e afirmativa para dar um novo rumo a Portugal e fazer algo muito diferente do que foi feito até agora. Pode ser muito duro mas olha-se para António José Seguro e o que se vê é um futuro François Hollande, que chegou ao Eliseu por falta de comparência dos adversários e em dois anos deitou fora todas as bandeiras pelas quais se bateu, além de se ter tornado irrelevante para Berlim — ao mesmo tempo que afundou o PSF nas eleições autárquicas e europeias e foi sujeito à humilhação de ver a extrema-direita ganhar estas últimas.

    Aqui pelo retângulo, o que se percebe é que António José Seguro é o seguro da atual maioria de direita. Enquanto Seguro liderar o PS, a direita nunca perderá por muitos — e começa a sonhar mesmo com uma vitória, embora por poucos, nas legislativas de 2015. Seguro tem muitas qualidades, mas falta-lhe capacidade de liderança e carisma. E hoje em dia, em que o pragmatismo assentou arraiais nos partidos do centro político, isso faz toda a diferença.

    O que toda a gente já entendeu é que se Seguro continuar à frente do PS, não haverá qualquer clarificação em 2015. Pelo contrário, os partidos do arco da governação continuarão a perder votos para a abstenção e para os extremos. E o governo, estando excluída a hipótese de ser minoritário, será sempre um albergue espanhol, fraco e instável, em que Seguro terá de governar com Passos Coelho ou com o seu sucessor, e talvez também com o sucessor de Paulo Portas. Digamos que para os difíceis tempos que continuamos a ter pela frente é tudo o que não se recomenda. E um bloco central, que não conseguirá fazer frente aos interesses instalados e que para se manter terá de distribuir sinecuras e prebendas às suas clientelas, é um filme de terror que não queremos voltar a ver.

    Ora, António Costa clarifica todo este pântano político. Primeiro, polariza votos de protesto que fugiram para os extremos. Segundo, divide as águas e leva os eleitores a concentrarem o seu voto de novo no centro político, o que é fundamental para o espectro político não se fragmentar e daí só poderem resultar governos fracos e instáveis. Terceiro, separa nitidamente a matriz ideológica do PS da do Governo PSD/CDS, oferecendo escolhas claras aos eleitores. Em quarto, traz consigo uma longuíssima experiência ministerial e autárquica que nada tem a ver com os aprendizes de feiticeiro que passaram diretamente de brincar à política nas jotas para governarem Portugal. Por tudo isto, António Costa, ao apresentar a sua candidatura à liderança do PS, fez um enorme favor ao regime democrático e deu um grande contributo para a futura governabilidade do país

5 comentários :

Morgado De Basto disse...

Quem não entender o que,de forma cristalina,Nicolau Santos,demonstra neste seu artigo de Opinião,das duas uma:ou está do lado da má fé ou é burro!

Mas,hoje,já ouvimos o secretário geral do PS,a dizer que a tomada de posição de António Costa,só acontece porque lhe cheira a Poder.O que é isto?Afinal, quem é que não se cansa de fazer fretes aos estarolas em funções de governo?E os Socialistas, que neste momento desempenham funções com responsabilidade nos Órgãos Diretivos do Partido,assistem ao permanente chorrilho de dislates por parte do Secretário Geral sem assumirem as suas responsabilidades?Ana Gomes,Zorrinho e Assis,até os compreendo,não é bonito morder na mão de quem nos dá de comer,mas os outros?Vão dar banho ao Marquês De Pombal!

Anónimo disse...

Terá António Costa capacidade para contrariar as estruturas autocráticas de Bruxelas e do Eixo Paris - Berlim e dos seus satélites?
Terá capacidade para se opor à Escola de Chicago que domina a economia Mundial e está a levar a Europa para uma catástrofe?
Não serão lícitas todas estas interrogações ?

Anónimo disse...

O que se sabe é que temos um grupo de "xyz" a governar o país - está na banca rota, declaradamente.

E vejam a Banca Portuguesa, tudo falido.

A Banca Estranjeira começam a ir-se embora.

Ou, não querem crer?

Anónimo disse...

Enquanto se luta pelo poder no PS ,
seria talvez melhor olhar para o estado da situação económica e social do País que é muito grave.
Seria também bom que não se transformasse a derrota da direita numa vitória.

Rui Sousa Pinto disse...

Não sei se Costa é a solução mas que era necessário fazer alguma coisa, lá isso era.
Há ainda outro facto histórico que convém realçar, que quase ou nunca é referido, os grandes responsáveis pela situação do país são os "partidinhos" de esquerda (PCP e Bloco) que, na ânsia desmedida de ser do contra, ofereceram de mão beijada à direita o poder, quando seria bem melhor o PRC4.
Esperemos que Costa consiga falar à esquerda e construir entendimentos sérios.