quinta-feira, março 12, 2015

Lomba diz «VEM», Maria Luís diz «VAI E NÃO VOLTES»


É um espectáculo sempre deprimente ver o estertor de uma maioria sem soluções a suplicar ao principal partido da oposição que apresente propostas.

Já tínhamos visto Paulo Portas a defender que os vistos gold não passassem exclusivamente pela especulação imobiliária que activamente promoveu durante três anos.

Temos hoje o malogrado Lomba, recuperado como Alto Comissário para as Migrações, a pescar à linha na Agenda para a Década.

Simplesmente, a captação dos portugueses emigrados não é uma peça solta da Agenda, é uma ideia que se articula com muitas outras medidas de recuperação do investimento e do mercado interno. Não admira, pois, que a proposta de Lomba seja arrasada por todos aqueles que foram convidados a pronunciar-se sobre ela.

O próprio Conselheiro da Comunidade Portuguesa afirma que, enquanto Lomba solta candidamente um tímido «VEM», o que a Comunidade realmente ouve é um «VAI, E NÃO VOLTES» dito com a eloquência de que só a Miss Swaps é capaz: «hoje um jovem que acaba uma licenciatura tem um mundo à sua disposição».

Resta dizer que, durante 20 anos (até 2010 inclusive), Portugal teve saldos migratórios positivos. Depois, é o que se sabe: centenas de milhares de portugueses tiveram de abandonar a «zona de conforto». Para sustar o êxodo, Pedro Lomba espera poder apoiar entre 30 a 40 projectos, para os quais acresce o pormenor de não haver verbas disponíveis (nem regulamento que enquadre a iniciativa).

Ainda assim, Pedro Lomba pode argumentar no inner circle que obteve uma vitória — uma manchete no Público:


ADENDA — A próxima vez que vamos ouvir falar de Pedro Lomba já não será na manchete, mas na última página do Público, com vantagem para todos.

4 comentários :

Anónimo disse...

Credo, este vesgo é um tolo que transforma tudo onde mexe numa anedota. Mais um ultra-liberal protofascista que vindo de baixo quis ser gente. Insuportável. Se o jornal Publico o voltar a aceitar de volta, destruindo ainda mais a sua contracapa, coleccionando-o com outro TTC (Tonto-Tótó-Convencido), o Miguel Tavares, bem é porque decidiu fazer Hara-Kiri junto dos leitores.

Anónimo disse...

Raquel Varela dixit in facebook
Por absoluta falta de tempo explicarei este facto de forma sucinta, que já mereceu de nós vastos trabalhos, sustentados, e merecia um artigo, mas estou esmagada por trabalho, perdoem-me a nota pessoal. Hoje o Governo anunciou - e o facto foi noticiado sem contraditório ou explicação na Antena 1 e nos jornais que li - que vai dar incentivos aos emigrantes para retornarem ao país porque há um défice demográfico. Que tipo de incentivos? Estágios, pagos pela segurança social e o fundo social europeu, fundo pago por todos nós na Europa, quem trabalha. O que isto significa? Significa que o Governo expulsa as pessoas do país, fazendo o défice demográfico, e depois fá-las retornar com salários pagos pelos fundos sociais, descapitalizando a segurança social e rebaixando os salários de todo o país. Exemplo: expulsa-se um informático para a imigração porque se corta nos empregos numa escola por exemplo, o tipo ganhava 900 euros, depois convida-se esse informático a retornar ao país pagando 70% do salário a uma empresa privada que passa a ter um custo de 200 euros com esse trabalhador e não mais. O que significa que todos os outros que estão no mercado de trabalho passam a valer para as empresas privadas os tais 200 euros.
Entretanto esse informático foi para o norte da Europa onde tirou o trabalho a alguém que ganhava 1800 euros, como aumenta a oferta aumenta o desemprego, até que o informático do norte da Europa aceita trabalhar por 900 euros e expulsa o português que regressa para ganhar 200 da empresa e 400 ou 500 da segurança social. Assim faz-se de Berlim e Lisboa uma China, só que em vez de uma ditadura burocrática a gestão está a cargo de assistencialismo social, os rendimentos mínimos e as cantinas sociais. Esta é a União Europeia, uma gigante praça de jorna, onde naturalmente e infelizmente cresce a xenofobia pela competição salarial e os sindicatos estão estupefactos, para usar uma palavra doce, sem nada fazer. À custa de muito esforço chega-se do nada à extrema miséria, diria o velho Groucho Marx, irmão bem humorado de Karl Marx.

Júlio de Matos disse...



Sim, pois, chamem-lhe "um espetáculo sempre deprimente", mas a ideia que fica no ar é que o "guverno" está mesmo a "criar condições" para o regresso dos jovens emigrantes!

E 70% do povaréu só tem capacidade para reter isto (e também para botar uma cruz num papelinho e aí vai disto...).

Deprimam-se, ou abram os olhos.

Anónimo disse...

O Roque e a amiga.